Índice da Série Passei 3 Anos da Minha Vida Desenvolvendo um Fone
- Capítulo I: Introdução
- Capítulo II: Minha Entrada na Audiofilia
- Capítulo III: O Primeiro Fone Que Criei
- Capítulo IV: O Surgimento da Kuba
- Capítulo V: Os Primeiros Desenhos
Capítulo IV: O Surgimento da Kuba
PESQUISA: Antes de começar, uma pergunta. Vocês têm gostado do ritmo e do nível de detalhes que estou dando? Ou acham que eu deveria pormenorizar menos e focar nas partes mais críticas e interessantes? Vou adorar saber nos comentários!
No último capítulo, falei sobre meu projeto final. Hoje, vou contar como ele acabou sendo responsável por um contato que foi imprescindível para a criação da Kuba.
O curso de Design da minha faculdade, a PUC-RJ, é bastante renomado no Rio de Janeiro. E, todos os anos, há uma exposição dos melhores projetos de alunos. Um protótipo do Volna, meu projeto final, sobre o qual falei em meu último post, foi exposto por lá.
Eis que, um dia, recebo uma ligação de um tal de Cadu, que estava, aparentemente, querendo começar uma empresa de fones de ouvido e precisava consultar um especialista. Ele acabou chegando até mim por ter visto meu projeto exposto. Nesta época, minha ideia após formado era abrir um escritório de design – tanto por gostar disso quanto, infelizmente, por não ver tantas opções no mercado de trabalho. Foi neste momento que me juntei à Duda e ao Dan, meus amigos de faculdade, para montar esse escritório.
Conversei com o Cadu e seu sócio na época, ambos estudantes de administração. Eles faziam parte de uma empresa que desenvolvia relógios de madeira e, observando a franca expansão no mercado de fones de ouvido dos últimos anos, estavam certos de que ali haveria oportunidades. Nos demos muito bem, e a ideia inicial era que fornecêssemos, por meio de nosso futuro escritório de design, o projeto de um fone para a empresa deles. Nas semanas seguintes, fomos tendo encontros para conversar sobre como seria esse projeto – pesquisas, oportunidades identificadas, objetivos…
Pouco tempo depois, porém, fui fazer um curso de empreendedorismo nos Estados Unidos – mais especificamente, no MIT. Foi um curso que mudou minha perspectiva sobre o mercado e o que queria em minha vida profissional. Vi que boa parte do conhecimento que adquiri sobre design é muito, muito semelhante ao do empreendedorismo. De certa forma, ambos fazem a mesma coisa, mas sob óticas diferentes.
Voltei ao Brasil convencido de que não queria fazer apenas um escritório de design. Voltei acreditando que éramos capazes de criar uma start-up cujo primeiro produto seria este fone de ouvido. É um objetivo totalmente diferente: um escritório de design fundamentalmente fornece um serviço para outras empresas – ou, se cria produtos próprios, geralmente é com uma pegada mais artesanal. A barreira de entrada é baixa, afinal, basta termos nossos conhecimentos e nossos computadores que já conseguimos desenvolver produtos para outras empresas. Em compensação, o teto é muito mais baixo. Quantos escritórios de design existem no Rio de Janeiro? Apostaria em dezenas ou até centenas. Por melhores que fôssemos, seríamos mais um entre muitos.
Já as start-ups são empresas, geralmente de tecnologia, com produtos inovadores e disruptivos e que apresentam crescimento extremamente acelerado. Normalmente é necessário um investimento inicial muito maior, frequentemente com investidores externos. É muito, muito mais difícil dar certo (9 em cada 10 start-ups morrem antes dos 3 anos de idade), então o risco é infinitamente maior – mas, se der certo, elas têm o potencial de se tornarem realmente gigantescas. Facebook, Uber, AirBnB, Dropbox, Snapchat… todas foram start-ups que, em muito pouco tempo, já valiam bilhões de dólares.
Por mais que um escritório de design possa funcionar (e tem muito mais chances de funcionar do que uma start-up), seu potencial é infinitamente menor. Tanto que você provavelmente não conseguirá, de cabeça, nomear 3 escritórios de design. E, se conseguir, aposto que ele não terá 1/10 do tamanho de grandes start-ups.
Então, aproveitando que o sócio do Cadu havia desistido do negócio, tomamos uma decisão: iríamos nos juntar, na cara e na coragem, para criar uma start-up de equipamentos de som. Uma que traria produtos realmente diferentes em um mercado frio e com poucas opções.
E foi assim que nasceu a empresa que veio a se chamar Kuba.