Baldoor/Mrice E100 EarBell

Nota: esse fone foi muito gentilmente cedido pelo forista Rafael Grecco para avaliação, para então sorteá-lo entre os leitores do site e membros do fórum. Se você quiser participar do sorteio, acesse este link para o respectivo tópico em nosso fórum.

 

INTRODUÇÃO

Se o objetivo é qualidade de som, não há outra forma de dizer isso: earbuds (auriculares) geralmente não são uma boa ideia. Mas muitas pessoas simplesmente não conseguem se acostumar à sensação de algo dentro dos ouvidos ou ao isolamento extremo proporcionada por intra-auriculares, mas também não querem um headphone que chame atenção. Para elas, um earbud é a única opção.

Infelizmente, esse é um tipo de fone que sofre com diversos empecilhos e, consequentemente, encontrar um bom earbud não é tarefa fácil. Porém, não é impossível: o B&O A8 e o Yuin PK-1 são exemplos – mas, ainda nesses casos, é possível encontrar intra-auriculares consideravelmente superiores na maioria dos quesitos por um preço por vezes até inferior.

Por isso, a combinação “auricular” e “15 dólares” proposta pelo Baldoor (ou Mrice) E100 não me parece muito promissora… mas vamos ver.

 

ASPECTOS FÍSICOS

IMG_7914O Baldoor E100 é um earbud tradicional, simples, mas que certamente não parece custar apenas 15 dólares. Ao lado do Yuin PK1, definitivamente parece mais sofisticado. Afinal, apresenta alguns detalhes interessantes, como o plugue e o divisor Y em metal (!) e um cabo triangular emborrachado vermelho, muito difícil de embaralhar. O corpo em si é de plástico, com um formato um pouco diferente, em forma de sino (como o nome indica), mas muito confortável. Com as espumas inclusas no pacote, é bastante confortável.

Por falar em pacote, ele é extremamente simples (apenas uma caixa triangular de plástico), mas os acessórios vão além do que se espera por esse preço. Além de estar incluso um saquinho de plástico para transporte, há dois pares de espumas, um deles com um orifício circular na parte da frente – o que mostra uma preocupação com a qualidade de som inusitada num produto desse tipo e preço.

 

O SOM

Como o M100 é um earbud, vamos começar falando sobre o que muitas pessoas têm como referência para esse tipo de produto: os antigos Apple Earbuds (não confundir com os atuais EarPods), inclusos nos iPods e iPhones da época e vendidos separadamente por 20 dólares. Em minha opinião, eles são muito ruins e resumem o que há de errado com muitos fones desse tipo: sonoridade exageradamente fina, sem corpo ou graves, com um pico nos médio-agudos e, algo relativamente exclusivo nesse caso, bastante coloração de gabinete.

B&O A8

B&O A8

Passando para o antigo Bang&Olufsen A8 (atualmente Earphones 3i), um auricular topo de linha de 170 euros, a situação melhora bastante, e ganha-se muito em linearidade e equilíbrio. Não há mais um pico nos médio agudos (e muito menos a coloração de gabinete), os graves aparecem um pouquinho e, no geral, apesar de a sonoridade ainda ser fina e com pouco corpo, há a sensação de ser uma sonoridade propositalmente talhada com vistas à transparência, ao menos até certo ponto.

Voltando para a Apple, mas agora com os novos EarPods, que mantém o formato earbud mas com algumas inovações, as coisas continuam mudando de figura. Nos médios e agudos ele não é tão equilibrado e linear quanto o A8 e nem tão transparente, mas finalmente tem-se graves que começam a sair do território da (quase-)inexistência. Os EarPods não têm tanta presença ou extensão quanto a vasta maioria dos in-ears, mas apresentam muito mais vontade que o A8 e que os antigos Earbuds nessa região.

Entrando nos intra-auriculares, a coisa muda de figura. A principal mudança está justamente na maior falha dos auriculares: as baixas frequências. No Sony MH750, que veio incluso em meu antigo Xperia Z2, a diferença em relação a todos os earbuds acima é notável. Há bastante presença nos graves e sub-graves, o que resulta em muito mais corpo e autoridade, mas ele não é tão linear e transparente quanto o Bang&Olufsen A8 – que acaba levando a vantagem nos médios e agudos. Mas, mesmo assim, num grande número de casos troco a linearidade e o equilíbrio dessas regiões do A8 pela presença nos graves do MH750 sem pensar duas vezes – ainda que estejamos comparando dois fones com uma vasta diferença de preço entre eles. Esses são os problemas dos earbuds: em muitas situações, carência quase total de graves pode ser um dealbreaker e mesmo intra-auriculares extremamente simples acabam sendo, para muitos ouvidos, mais envolventes.

E nesse panorama, onde fica o M100? É o que vamos ver.

IMG_7910A primeira coisa que noto é que se trata de um auricular extremamente natural nos médios e agudos. Ele ainda exibe a falta de corpo característica de fones desse tipo, mas sua apresentação é muito agradável e inofensiva.

Comecemos pelo seu ponto fraco, os graves: como é de se esperar, eles não são muito presentes. São bons para um auricular, e estão no nível do A8, mas quando passamos para os EarPods, o incremento é evidente, tanto em termos de quantidade quanto em extensão – na nova música Killing Jar, de Chet Faker, as batidas do refrão são mais completas e ressonantes, e o mesmo ocorre na Like Lust, do MOVEMENT.

Há algum impacto, e em termos de qualidade os graves são bons, mas a questão é que estamos falando de um earbud tradicional que sofre com todas as limitações que seu tipo físico implica. Compará-lo ao Sony MH750 deixa essa realidade bem clara: a diferença, nos graves, é noite e dia. É como se essa faixa de frequências praticamente não existisse no E100. Então, o resumo é que aqui ele é competente, mas para um auricular. E em muitas situações, isso é um problema, já que a sensação é de que há um pedaço da música faltando. Não é a toa que esse tipo de fone perdeu espaço no mercado.

Já nos médios, a história muda. Tonalmente, para os meus ouvidos, eles são consideravelmente equilibrados.  Ainda há um pico relativamente discreto em algum lugar, mas seu desempenho é notavelmente melhor do que o da vasta maioria dos earbuds que conheço. Não sei se eu o colocaria no nível do B&O A8 porque este último é muito mais aberto e apresenta mais clareza e transparência – porém, ao mesmo tempo, o E100 é mais melódico e eufônico e, para muitas pessoas, pode ser preferível. Guardadas as devidas proporções, talvez seja como um HD800 versus um HD650. O HD800 (A8) apresenta muito mais resolução e transparência, mas o HD650 (E100) em muitas situações pode bem ser o mais agradável.

IMG_7915Com relação aos Apple EarPods e aos Earbuds originais, não há comparação: o Baldoor está léguas à frente deles. Os fones da marca da maçã são muito agressivos, estridentes e deselegantes em comparação ao E100.

Uma característica interessante do Baldoor é a espacialidade – por ser um auricular, não há a sensação de espaço fechado como a proporcionada por intra-auriculares, e devo confessar que gosto muito disso em muitos casos. Novamente, o A8 é mais competente nesse quesito, mas comparado a todos os outros earbuds que tenho aqui, o E100 sai na frente.

Nos agudos o Baldoor também é interessante, e é capaz de mostrar pratos de bateria muito competentemente e com bom timbre. Porém, confesso que em muitos casos gostaria que eles estivessem mais à frente no espectro e que a extensão fosse um pouco melhor. Aqui, acho que  ele talvez seja exageradamente melodioso e, em muitas situações, tanto os Apple EarPods quanto o B&O A8 são mais interessantes.

 

CONCLUSÕES

IMG_7911Acho que o fato de eu ter passado quase toda a avaliação comparando o E100, um auricular de 15 dólares, ao Bang&Olufsen A8, um de 160 euros, fala por si só. Para os meus ouvidos o A8 ainda é superior, mas não por uma margem tão grande, e ainda acho perfeitamente possível que muitas pessoas prefiram a personalidade mais relaxada e musical do Baldoor. Já os outros earbuds usados para comparação, no geral, não chegam nem perto dele em termos de equilíbrio.

O Baldoor E100 é um earbud fantástico, e merece estar no topo da lista (independente do orçamento) daqueles que, por qualquer motivo, não podem comprar um intra-auricular. No entanto, se isso for possível, acho que existem IEMs baratos mais interessantes por não apresentarem as limitações dos earbuds, como o próprio Sony MH750.

Isso, no entanto, está longe de tirar os méritos do E100. É muito incomum encontrar um earbud tão bom – já o fato de ele custar 15 dólares é no mínimo surpreendente.

Baldoor/Mrice E100 EarBell – US$15,00

  • Driver dinâmico único
  • Sensibilidade (1 mW): 110 dB SPL/mW
  • Impedância (1kHz): 32 Ω
  • Resposta de Frequências: 20Hz-22kHz

 

Equipamentos Associados:

Portátil: FiiO X5 + HeadAmp Pico Slim, iPod Classic, Sony Xperia Z3

Mesa: Mac Pro, Yulong D100, HeadAmp GS-X

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