INTRODUÇÃO
Em minha opinião, a Spigen é uma das melhores marcas de capas de celulares do mercado, com produtos atraentes e extremamente resistentes disponíveis para um vasto número de smartphones. Quando uma empresa se dá muito bem num determinado mercado, é uma boa estratégia começar a tentar se aventurar pelos adjacentes – e é isso que a Spigen parece ter feito com uma série de acessórios diversos para celulares. Entre eles, está um fone de ouvido, o Aluminum Teka, um intra-auricular dinâmico de 250 reais.
Para o público comum isso pode ser interessante, mas para o mercado audiófilo uma marca de acessórios para celulares lançar um fone de ouvido não é algo que deve gerar muito interesse – fazer um bom fone de ouvido não é fácil. Vamos ver se a Spigen teve sucesso nessa empreitada. O fone foi cedido para avaliação pela MonkeyBiz.
ASPECTOS FÍSICOS
Fisicamente, o Aluminum Teka é bem interessante. Seu corpo, como o nome indica, é feito de alumínio aparentemente torneado e a qualidade de construção é alta. Na parte da frente, há uma cobertura de plástico transparente. O cabo, vermelho, é achatado e mais chamativo do que eu gostaria, mas parece de boa qualidade e não transmite muita microfonia. No lado esquerdo, há um microfone e controle remoto compatível com iOS.
Em termos de conforto, gostei do fone. Com as ponteiras pequenas – há apenas três pares inclusos – consegui um bom isolamento e um encaixe confortável. O fone foi feito para ser usado com o cabo para baixo, mas como o aliviador de tensão é pequeno, é possível passar o cabo por trás da orelha e usá-lo dessa forma sem nenhum problema.
Os acessórios do Teka são algo escassos: há apenas os dois outros pares de ponteiras e uma simples caixinha rígida para transporte genérica. Mas pela qualidade de construção do fone e seu preço, não vou reclamar.
O SOM
Até certo ponto, o que o público audiófilo busca é frequentemente diferente do que pessoas comuns querem. Explico: fidelidade por vezes pode vir em detrimento de divertimento. Um fone que busca a neutralidade pode simplesmente parecer chato diante de algo que incrementa propositalmente os graves e os agudos. Um fone audiófilo de alto nível, como um HD800, pode impressionar bastante com gravações favoráveis, mas com hip-hop eu aposto que muitos vão preferir um fone mais divertido.
Com o Aluminum Teka, a Spigen foi a todo vapor atrás de uma sonoridade com apelo de massa: ou seja, ele definitivamente não é um fone cuja proposta é trazer uma apresentação natural e equilibrada da música. Certas áreas do espectro são fortemente incrementadas em relação a outras – e o equilíbrio na resposta de frequência é o que define um fone neutro e natural.
Em vários casos, isso tem seus benefícios. O Beats Solo2 que avaliei recentemente é um exemplo, da mesma forma que (embora logicamente em menor proporção) meu Audio-Technica W3000ANV. Nenhum dos dois é um fone neutro. No entanto, existe um limite para esses incrementos. Se ele não for respeitado, o resultado pode ser uma resposta inconsistente e descompensada. Em outras palavras, não saberemos o que esperar. Infelizmente, esse parece ser o caso aqui.
Se eu pudesse definir o maior problema do Teka, seria esse: inconsistência. Existem casos em que suas colorações me parecem interessantes para um intra-auricular em sua faixa de preço, mas em outras, o resultado é bem menos favorável. E vejam que estou falando de músicas do mesmo estilo e, por vezes, até do mesmo álbum. Um exemplo é a dupla Raise Your Weapon e One Trick Pony do álbum 4×4=12 do canadense Deadmau5: nesta, acho que o peso dos graves são bastante empolgantes e dão espaço para a voz. Logicamente não estou ouvindo um fone equilibrado, mas o Teka se mostra bem divertido e prazeroso. Porém, naquela, o piano é estranhamente embolado e, no mix, a voz parece desaparecer. É como se ela tivesse há vários metros do resto dos instrumentos. Isso não ocorre com nenhum outro fone que tenho a disposição. É uma característica que aparece com frequência no Teka e me incomoda bastante, principalmente tendo em vista que existem várias qualidades nesse fone.
Em várias gravações mais calmas, por exemplo, que não evidenciam os desvios no equilíbrio tonal do Spigen o resultado pode ser bem interessante. Por exemplo, Kings of Convenience e Diana Krall são exemplos de artistas com os quais esse intra-auricular foi bem satisfatório. Se o pico nos graves e nos agudos não aparecer, ele pode ser bastante agradável.
De toda forma, vamos falar um pouco sobre seu equilíbrio tonal, começando pelos graves: como já deve ter ficado evidente, eles são decididamente altos, especificamente nos médio-graves – mais que todos os intra-auriculares da minha coleção. Não são um exemplo de controle, de textura e de detalhamento (parece haver algum problema de ressonância, com uma resposta com o que parece ser bastante ar, por assim dizer), mas para aqueles que simplesmente querem algo para dar peso a raps, hip-hops e músicas eletrônicas sem muitas outras exigências, pode funcionar.
O maior problema dos graves é a frequência com a qual eles mascaram algumas regiões específicas dos médios. Como já comentei, são frequentes os casos em que vozes parecem quase sumir do mix. Isso é muito curioso, porque não ocorre – ou ao menos não com a mesma frequência – com guitarras e outros instrumentos que residem nessa região. Em certas situações essa característica chega a níveis críticos. No refrão da Little Numbers, do duo Boy, a impressão é de que a voz é desligada! Chego ao ponto de não conseguir mais entender o que está sendo cantado. Sem exageros. O pico nos graves, presente na bateria e no piano, e o pico nos agudos, audível no pandeiro meia-lua, encobrem quase que inteiramente os vocais.
No entanto, quando troco para a Quelqu’n m’a dit ou a Raphaël, o problema em grande parte não está mais ali e o Teka se torna prazeroso, com médios doces e relativamente suaves. Em termos de detalhamento não são incríveis, mas é uma apresentação agradável e perfeitamente satisfatória. Nesses casos, inclusive, ele me parece até mais equilibrado que o AKG K321, que mostra uma ponta nos agudos que incomoda.
Por falar em agudos, vamos aos do Teka: mais uma vez, volto à palavra inconsistência. Mas aqui, os casos menos favoráveis são mais raros. Se em termos de extensão eles são um pouco deficientes – as últimas oitavas parecem não estar ali, então falta um pouco de brilho –, em questão de timbre, geralmente gosto do que o Spigen apresenta. Acho que as altas regiões são bem apresentadas e possuem boa linearidade, a menos que haja atividade significativa numa região de pico, como no caso da Little Numbers mencionada anteriormente. Também sinto um pouco de falta de mais definição, mas nada que não seja aceitável num produto desse preço.
CONCLUSÕES
O Aluminum Teka é um fone difícil. A grande questão é que, se em vários casos ele pode ser um fone muito interessante e agradável, em outros a história é um pouco diferente. Isso não seria um problema se fosse uma questão dependente do gênero musical – afinal, é comum que fones sejam apropriados para determinados estilos mas não para outros –, mas infelizmente essa inconsistência aparece não só em músicas do mesmo estilo, mas também do mesmo álbum.
Minha interpretação é que isso ocorre devido ao fato de as colorações do Teka serem muito acentuadas e pontuais, o que faz com que o resultado varie muito de música para música, cada uma com seus arranjos específicos.
Por isso, fico receoso ao recomendar o Teka diante de opções mais universais e que têm uma maior chance de apresentar um resultado equilibrado e consistente diante de uma vasta gama de estilos musicais. Ao mesmo tempo, sei que em vários casos ele é um fone interessante, e que pode ser muito do agrado do ouvinte – particularmente em músicas eletrônicas instrumentais.
Acho que, com o Spigen Aluminum Teka, terei que apelar para a máxima: cada caso é um caso.
Spigen Aluminum Teka – R$255,00
- Driver dinâmico único
- Sensibilidade (1 mW): 91dB SPL/mW
- Impedância (1kHz): 16Ω
- Resposta de Frequências: 20Hz-10kHz
Equipamentos Associados:
Portátil: FiiO X5 + HeadAmp Pico Slim, iPod Classic, Sony Xperia Z3, iPhone 5S
Mesa: Mac Pro, Yulong D100, HeadAmp GS-X
Onde Comprar: