INTRODUÇÃO
Sempre recomendo os amplificadores e DACs da FiiO na seção de comentários do site para aqueles que precisam de um equipamento desse tipo e têm um orçamento limitado. A questão é que, em termos de uma boa relação custo x benefício, existem poucos competidores. A marca ficou famosa no círculo entusiasta justamente por isso: oferece amplificadores e DACs portáteis excelentes pelo que custam.
A verdade, porém, é que eu nunca tinha efetivamente ouvido um aparelho da marca, salvo o antigo E5 que tive. Desde então, a FiiO trilhou um longo caminho. Tenho, agora, um E12 Mont Blanc. Trata-se de um amplificador portátil de 130 dólares, então é seguro dizer que a FiiO quis, com esse modelo, sair um pouco da categoria budget e tentar algo um pouco mais pretensioso.
ASPECTOS FÍSICOS
Fisicamente, ele não deixa dúvidas desse passo adiante da FiiO. É muito bem resolvido, com um corpo – relativamente grande – de metal escovado. O único problema é que a parte de cima, onde ficam os controles, é um pouco frouxa: um leve deslize, mas que incomoda um pouco. Apesar de grande, gosto do tamanho. Ele faz uma boa dupla, usando as bandas inclusas, tanto com um iPod Classic quanto com um iPhone – é mais largo que este e mais baixo que aquele. É parecido com o ALO RX MKIII-B.
Há um botão de volume giratório, uma entrada e uma saída P2, uma entrada micro-USB para recarregamento, um botão para ativar o bass boost e seletores de ganho e de ativação do crossfeed. Esses dois últimos são recuados, e precisam de algo pontudo para serem modificados. Isso é bom no caso do ganho – afinal, o E12 é seriamente potente, e eu não iria querer ativá-lo sem querer com in-ears –, mas no crossfeed poderia ser como no bass boost, porque o usuário pode querer ativar a função mais corriqueiramente.
O botão de volume possui o tamanho ideal, mas é assustadoramente duro. Isso normalmente é desejável em amplficiadores portáteis para evitar aumentos acidentais, mas aqui há um exagero. É impossível ajustar o volume com uma mão sem tirar o E12 do bolso e segurá-lo com a outra. Ajusto o volume constantemente, e essa característica torna isso um pouco inconveniente. Também fico um pouco dividido com a saída P2: sei que se fosse uma P10 ele acabaria sendo mais grosso, mas visto que ele é um amplificador mais voltado para full-sizes famintos, seria interessante ter essa saída – afinal, achar um bom adaptador, que não prejudique o conector do amplificador, não é fácil.
Em termos de embalagem e acessórios, definitivamente não tenho do que reclamar. É claramente inspirado nas embalagens da Apple, e traz o amplificador em si, um cabo P2-P2, um USB-microUSB para o recarregamento, um saco para transporte de veludo, duas bandas de borracha para prendê-lo a um player portátil e pequenos pés de borracha – uma adição excelente.
O SOM
Antes de qualquer coisa: esse amplificador é uma verdadeira usina de força. Nesse aspecto, está no mínimo no nível do ALO RX MKIII-B – que, aliás, custa 650 dólares. A vantagem é que, no E12, não há qualquer ruído de fundo, algo que eu ouvia muito claramente no ALO dos primeiros lotes. Ele é totalmente silencioso.
O FiiO não tem, no entanto, o refinamento do RX MKIII-B. Nunca fiz muita questão de amplificadores portáteis, mas este último me deixou uma ótima impressão. Sua sonoridade era relaxada e espacial, mas extremamente autoritária. O JH13 Pro ganhava uma nova vida. Os graves se tornavam muito mais firmes e redondos, com um corpo e uma textura mais críveis. Além disso, a impressão que tinha era que toda a apresentação se abria num espaço mais desenvolvido, se tornando consideravelmente mais refinada. O FiiO, apesar de não trazer uma melhora tão evidente, está longe de decepcionar. Ele não possui o refinamento do ALO, e ao invés disso conta com uma apresentação mais compacta e agressiva.
Comparado à saída do iPod, há uma apresentação mais dinâmica, com mais impacto e espacialidade. Para o Sennheiser IE800, isso é bem interessante. Ele é um fone com médios ligeiramente recuados e uma apresentação muito espacial, e por isso a energia extra do E12 acaba trazendo um bom casamento. E o HD 25-1 II, apesar de ser justamente um fone muito energético e sem maiores exigências em termos de amplificação, também vê benefícios. Sua apresentação ganha um toque extra de solidez e segurança: os graves são ligeiramente mais secos e vigorosos.
Mas os verdadeiros benefícios do E12 vêm à tona quando ele é apresentado a full-sizes mais cascudos. Tanto meus dois Grados quanto o Sony SA5000 são apenas um tira-gosto para esse amplificador, que é capaz de empurrá-los com o ganho no 0 sem qualquer dificuldade. O HE500, que é muito mais cascudo, precisa do ganho alto, mas ainda assim não apresenta um grande obstáculo. O FiiO consegue lidar com ele com autoridade de sobra, conseguindo um bom controle sobre os enormes diafragmas do isodinâmico. Consequentemente, os graves têm impacto e não são soltos. É claro que não é um HeadAmp GS-X; mas é bem impressionante se tratando de um pequeno amplificador portátil.
Com os Grados, no entanto, o E12 mostra que em algumas situações pode não ser apropriado. Sua personalidade mais “na cara” não os faz bem, e o resultado acaba sendo excessivamente agressivo. Sua sonoridade já é mais compacta, dinâmica e vigorosa, com um palco sonoro não tão desenvolvido, e isso acaba potencializando características dos Grados que podem ser perigosas.
O bass boost do FiiO merece elogios. O incremento nos graves é feito nas regiões certas, e não há qualquer interferência nos médios. Há apenas mais peso, o que faz muito bem ao Sony SA5000, que em diversas músicas ganha a autoridade que precisava.
Já o crossfeed, porém, é menos bem implementado. Para os que não sabem, crossfeed é uma mistura intencional entre os dois canais, com o objetivo de trazer o palco sonoro mais para a frente do ouvinte, ao invés de para os lados. Meu antigo Meier Audio Corda Eartube tinha essa função, e era algo que eu gostava. De alguma forma, a apresentação se torna menos fatigante. O problema é que a consequência dessa função é uma ligeira perda nos graves, que era sutil no Eartube mas é mais evidente no E12, assim como uma notável perda de definição. Acho que, apesar de o efeito de “centralização” existir, ele não é tão competente e, por trazer consequências negativas, torna-se pouco útil. Mas não podemos esquecer que estamos falando de um amplificador portátil de 130 dólares, e essa função já é bem inesperada numa aparelho desse tipo.
CONCLUSÕES
O FiiO E12 se mostrou um ótimo amplificador por um custo relativamente baixo. É surpreendente ver um portátil desse tamanho empurrando um HiFiMAN HE500 com muita competência ao mesmo tempo em que possui silêncio de fundo total com um in-ear sensível como o Sennheiser IE800.
Fisicamente, parece ir além do que seu preço sugere: é muito bem construído, visivelmente resistente e, quando acoplado a um iPod ou iPhone compõe um pacote atraente, relativamente portátil e que, de quebra, tem a potência necessária para empurrar qualquer fone já produzido, com exceção, é claro, dos eletrostáticos.
No entanto, é claro, existem problemas: esse FiiO não é o amplificador mais refinado que já ouvi, e conta com uma apresentação mais energética, vigorosa e, de certa forma, compacta. É como um HD 25-1 II. Me lembro claramente que o ALO RX MKIII-B que tive era consideravelmente mais refinado. Mas, logicamente, é bom lembrar que há uma diferença gritante de preço entre os dois. No entanto, nem é preciso sair da FiiO para mostrar que é possível ter uma apresentação mais doce e redonda: o E17 traz justamente isso. Vejam que isso não é dizer que o E12 não apresenta tanta qualidade de som – ele apresenta, mas é importante considerar com que fone ele será usado.
Consequentemente, acredito que existam opções mais indicadas para in-ears. De toda forma, isso não tira o brilho do E12. Afinal, trata-se de um produto que oferece uma grande quantidade de predicados por um preço relativamente baixo: capacidade de empurrar qualquer coisa, ótima qualidade de som e aspectos físicos muitíssimo interessantes. Assim, é difícil não conseguir minha recomendação.
Fiio E12 – US$130,00
- Dimensões: 124×65.5×14.5(mm)
- Peso: 159g
- Entrada: 3.5mm stereo jack (P2)
- Saída: 3.5mm stereo jack (P2)
- Impedância de saída: <0.5Ω
- Impedância de entrada: 16~300Ω
- THD: <0.005%
- Resposta de frequência: 10 Hz ~ 100KHz
- Voltagem máxima de saída: 15.5 Vp-p
- Corrente máxima de saída: 170 mA
- Duração da bateria: >12 horas
- SNR: >110dB
Equipamentos associados:
Fonte: iPod Classic
Fones: Grado HP1000 e RS1i, HiFiMAN HE500, Sony SA5000, Sennheiser HD 25-1 II, Sennheiser IE800, Etymotic Research MC3, Bang&Olufsen A8