Álbum: Ys
Artista: Joanna Newsom
Gênero: Folk
Gravadora: Prosthetic Records
Lançamento: Novembro de 2006
Faixas de destaque: Todas
Tinha, há algum tempo, dito que faria uma avaliação do álbum Ys, da harpista californiana Joanna Newsom.
No entanto, ao ouvir o álbum incessantemente por alguns dias e ao ler muitas análises que já foram escritas por publicações especializadas, cheguei a uma conclusão: não me atrevo a avaliá-lo. Não tenho capacidade para isso, e tenho certeza de que não sou capaz de absorver tudo o que o álbum tem a oferecer (inclusive por não ser particularmente ligado a letras de música – escuto 95% pela melodia). Mais do que isso: sei que não vou conseguir transmitir meu encantamento em palavras. Estou falando sobre uma verdadeira obra de arte do mais alto calibre, e não me considerando “merecedor” de redigir uma avaliação que faça jus a ela, dissecando toda a sua maestria, prefiro não fazê-la. Não seria justo.
Ao mesmo tempo, sei que pessoas das quais gosto muito lêem esse blog, e eu estaria lhes fazendo um desserviço caso nunca falasse sobre esse álbum. Então, isso não vai ser uma análise – vai ser um pedido. Sei que a voz de Joanna Newsom para muitos não é fácil de digerir, mas mesmo se esse for o seu caso, leitor, dê uma chance ao Ys. Ele merece ser ouvido por inteiro, com atenção, porque é uma viagem pelo país das maravilhas e pode despertar momentos genuinamente incríveis para o ouvinte.
O álbum possui 5 músicas, longas, ambiciosas, incríveis, geniais, surpreendentes, confusas, intrigantes, viajantes, corajosas, inovadoras, confortantes, originais, prepotentes, pretensiosas, provocativas, emocionantes e, em momentos alarmantemente frequentes, absolutamente perfeitas.
No entanto, obviamente, existem momentos melhores que outros, e alguns me saltam aos ouvidos. Vou apenas dizer quais são e me ater ao básico, sem adjetivos – caso contrário, esse texto vai acabar tendo 30 páginas. A primeira faixa, Emily, em sua integridade, é uma delas, mas vale destacar o final, a patir de 10:40. Monkey & Bear, um conto, tem seu ponto alto num trecho que apresenta influências aparentemente orientais, de 5:50 até o final da peça. Já Sawdust & Diamonds, a única peça sem acompanhamento da orquestra, tem seu melhor momento do início até 4:50. Only Skin é uma viagem que parece resumir tudo o que Newsom tenta atingir, mas o trecho entre 5:25 e 8:25 é capaz de me fazer chorar dependendo de como eu estiver me sentindo – assim como o dueto contrastante com Billy Callahan de 13:35 até 15:10. O ponto alto da última faixa, Cosmia, é o final, que coloca a orquestra crescendo junto com a harpista até um clímax que se concretiza quando, no topo de sua magnificência (pode parecer exagero, mas não há como exagerar com esse álbum), Newsom “cala” a orquestra, deixando claro que esse álbum é seu próprio trabalho e que o foco das atenções é ela. Os instrumentos estão ali para serví-la e destacá-la, e para aumentar um trabalho de mestre inteiramente criado pela cantora.
Não é à toa que Ys entrou para inúmeras listas dos melhores álbuns da década, e até da história em algumas publicações especializadas. Joanna Newsom é uma jóia, mas acima de tudo, um verdadeiro gênio. E Ys é sua obra prima. Me sinto privilegiado por estar vivendo na época em que ela faz seu trabalho, e mais feliz ainda por ter a oportunidade de apreciar o que é, para mim, um dos maiores expoentes da arte, de qualquer tipo. É tudo o que tenho a dizer.