Denon AH-D7100 – US$ 1.199,00
Fiquei bem curioso ao ver a linha nova da Denon em exposição. Afinal, a marca tem uma legião de seguidores com os antigos modelos D2000, D5000 e D7000. Porém, aparentemente a marca de uma aula de como destruir uma base de fãs em uma lição com a nova linha.
O D7100 é o mais sofisticado, mas fisicamente é bem estranho e saiu do visual clássico de seu antecessor para partir para um visual mais futurista. É até bem construído, mas não passa tanta sensação de robustez e segurança. Fora isso é de gosto duvidoso, e há uma peça de madeira jogada entre o headband e os pads. Bem esquisito na minha opinião. Mas ele é confortável, apesar de pesado, e pareceu isolar bem os ruídos externos.
Sonoramente, me mostrou um bom equilíbrio tonal, com graves interessantes, sem serem exagerados e agudos bons, porém um pouco ríspidos e apresentavam um pico alto que causava sibilância em alguns momentos. O problema são os médios, satisfatórios em presença mas com uma fortíssima coloração de fone fechado, o que não deveria existir nessa faixa de preço.
Me pareceu uma sonoridade bem mais hi-fi do que audiófila, o que é inaceitável pelo preço, apesar de o D7100 não ser ruim.
Denon AH-D340 – US$ 299,00
Comparado ao D7100, tem agudos mais calmos, mas mantém alguma competência nos graves. Os médios são também fortemente coloridos, e gritam bastante, são muito para a frente. Me lembra os Grados, mas aqui não é nada agradável.
Fisicamente é menos sofisticado que o irmão maior, mas apresenta boa construção e conforto. E, apesar de manter o visual futurista, é um pouco mais discreto devido à cor preta.
Ainda não acho que seja um bom fone, mas o custo-benefício é melhor que o do D7100.
Denon AH-NCW500 – US$ 399,00
Acredito que, para esse, a marca tenha dispensado todos os engenheiros que fizeram a antiga linha D. Esse fone é absolutamente terrível – uma bagunça de graves e médio-graves com um excesso não só de presença, mas também de impacto. Nebuloso, escuro, e os agudos são um micro-pico muito estranho em algum lugar. Os graves não têm qualidade, só impacto e estragam tudo.
Fisicamente, é também muito estranho, chamativo, e a construção não me parece realmente boa. Ela aparenta tentar ser, mas parece estar trying too hard. Detestei.
Ultrasone PRO900 – US$ 499,99
Muito maior pessoalmente do que fotos me faziam crer. É realmente enorme, e não tão confortável, porque os pads são de uma espuma muito dura que não se molda aos contornos do rosto. Mas o isolamento é bom, assim como a qualidade de construção, apesar do excesso de plásticos num fone que não é barato. Mas, dado o cunho profissional, é aceitável.
Em termos de sonoridade, esse é provavelmente um dos fones mais bass-heavy que já ouvi que ainda podem ser considerados de qualidade (ou seja, isso exclui a maioria dos Beats e aberrações como o Denon NCW500 acima). Os graves têm boa definição mas são realmente excessivos, algo que não gosto. Por isso os médios se escondem um pouco, mas são de ótima qualidade, assim como os agudos.
Ultrasone HFI-780 – US$ 155,00
Menor que o PRO900 e um pouco melhor construído e mais confortável. Parece ser menos voltado ao público profissional e mais ao mercado audiófilo. Também isola bem.
Tem uma considerável coloração nos médios, que são um pouco mais fortes do que eu gostaria, e os graves são muito mais comportados, mas ainda fortes. Os agudos são mais recuados.
É um bom fone, apesar dos médios mais agressivos, principalmente levando em conta o preço baixo. Daria um bom portátil.
Ultrasone Signature DJ – US$ 1.049,00
Sei que estética é subjetivo, mas achei o Signature DJ visualmente muito feio e simples para o que custa. É, no entanto, muito robusto e apresenta qualidade de construção que não impressiona – principalmente tendo o preço em vista –, mas que é boa.
Me pareceu um bom fone, apesar dos graves exagerados e de uma notável escuridão em sua sonoridade. Não é um fone transparente. Mas acho que são características aceitáveis, já que é um fone para DJ e deve ser capaz de trabalhar em altos volumes sem proporcionar muita fadiga auditiva.
Shure SRH840 – US$ 149,99
O Shure foi como o Sennheiser HD429 na Parte I desse post, mas em maior proporção. Após os Denons medíocres e Ultrasones impactantes e energéticos, o SRH840 pareceu colocar tudo no lugar. É uma sensação difícil de escrever, mas dá um enorme alívio escutar a sonoridade que, de alguma forma, simplesmente parece “certa” frente a praticamente tudo o que andei escutando. Não que nenhum outro fone seja bom, mas de qualquer forma, poucos até esse momento tinham sido tão coerentes.
Esse Shure é um exemplo de balanceamento, com tudo no lugar, sem qualquer falha muito evidente. Ótimo equilíbrio tonal, apresentação arejada e detalhamento excelente. Me pareceu bem transparente.
Fisicamente, possui uma robustez que me lembra o M50. É confortável e tem bom isolamento.
Shure SRH940 – US$ 279,00
Muito parecido com o SRH840, mas adiciona uma dose extra de graves e um pouco de agudos. Me parece mais energético, e um pouquinho mais agressivo. Mas mantém as mesmas qualidades, e essa pitada a mais de energia não o torna menos ar fresco que seu irmão menor. É igualmente competente.
Fisicamente é tão bem construído e confortável quanto, mas a cor prata não me agrada tanto.
Sinceramente, ainda acho que seja um excelente fone, mas nessa breve audição preliminar, ouvi poucos motivos para investir nele ao invés de no SRH840.
Sennheiser HD598 – US$ 299,99
Só não impressionou tanto quanto os Shure porque ouvi depois deles. Mas tem os mesmos predicados para causar a mesma impressão. Excelente equilíbrio tonal, sem qualquer efeito imediatamente aparente. Tem o som da casa da Sennheiser, relaxado e calmo, com boa definição mas mais escuro. Os graves são um pouco fortes, mas muito bons, os médios são bem parecidos com o do HD600, bem neutros, se um pouco fechados, e os agudos são ótimos, mas mais para trás.
Fisicamente mantém o bom padrão dos fones mais sofisticados da linha HD, e é muitíssimo bem construído e bastante confortável. Mas não isola muito bem porque não é um fone fechado. Também difere do resto da linha nas cores. O resultado é um aspecto luxuoso, mas não muito discreto.
Sennheiser HD558 – US$ 179,95
É mais simples mas, ouvindo, soa apenas diferente, e não exatamente inferior. Me parece ligeiramente mais em V, com um pouco menos de médios que o irmão maior. Por isso é um pouco menos relaxado e mais energético, o que pode ser muito bem vindo ou não, dependendo do gosto do ouvinte. Mas veja que não é uma diferença tão grande – esse ainda é, definitivamente, um fone bem relaxado.
Fisicamente, são praticamente iguais, salvo pela cor. Por isso, mantém as qualidades do HD598 mas é mais discreto.
Sennheiser HD518 – US$ 117,95
Está mais próximo sonicamente do HD598 do que do HD558, e me parece uma versão um pouco mais colorida dele, com agudos um pouco piores e graves mais congestionados. Entretanto, o equilíbrio tonal é basicamente o mesmo, só um pouco menos refinado.
Segue a linha mais relaxada da marca. Por isso, continua sendo um belíssimo fone, e um ótimo custo-benefício.
Fisicamente a história se repete: ótima qualidade de construção, acabamento e conforto.
Sennheiser Amperior – US$ 285,00
Muito diferente da linha HD 5XX. Fisicamente é muito menor, mais simples e com acabamento e visual mais utilitário. Inclusive, parece bem mais simples do que o que preço sugere. É baseado no clássico HD 25-I II e apresenta algumas melhorias, como a cápsula de alumínio. Não é o fone mais confortável que já usei, mas o isolamento é satisfatório.
Em termos de assinatura sonora, é um ótimo fone, mais agressivo, com um leve pico nos agudos e graves com bastante impacto, mas sem exagero – é bem correto tonalmente. É também muito mais energético que a linha HD comum.
Sennheiser Momentum On-Ear – US$ 229,95
Mantém as mesmas ótimas características físicas do Momentum, mas com cups muito menores e pads de veludo ao invés de couro. Fora isso, é uma cópia um pouco menor.
Mas, sinceramente, em termos sonoros, definitivamente não gostei. O som tem uma coloração fortíssima de “concha”, com um som que parece muito ecoado. Os graves também são meio excessivos.
Não vejo bem o ponto desse fone, porque o Momentum comum já é muito conveniente, e esse on-ear provê uma melhoria muito pequena nesse aspecto a um custo muito alto em termos de qualidade de som.
Bowers & Wilkins P3 – US$ 210,00
Continuando a onda dos on-ears miniaturizados, o P3 é a versão menor do P5 que já tive e avaliei. É excepcionalmente bonito, mas possui pads de tecido, ao invés de couro, e é muito pequeno conveniente para um headphone, além de apresentar um aspecto luxuosíssimo. Mas, obviamente, não isola muito bem.
Possui menos graves que o P5, e ao meu ver é até ligeiramente mais neutro. Mas não sei, achei bem “mais-ou-menos”, graves OK, médios bons e agudos sem muita definição ou qualidade. Em termos de som, acho sinceramente que existem opções melhores pelo preço. Comparar com o AKG K550, por exemplo, é pura covardia.
Bang & Olufsen Form 2 – US$ 119,90
A semelhança não fica só no nome – é também um modelo mais luxuoso, assim como os B&W P3 e P5. Mas é um jeito mais nórdico de fazer design, bem mais simples e minimalista. A construção é boa e o fone é realmente leve, mas ao mesmo tempo não me parece nada resistente. O fit, também, não é dos melhores, porque não passa segurança nenhuma. Me lembra um pouco o Koss Porta Pro nesse aspecto.
Quanto ao som, assim como o P3, simplesmente não encantou. Parece também, nesse quesito, um Porta Pro de luxo. Possui médios para a frente, graves e agudos OK. Nada demais, forma sobre função.
Bang & Olufsen BeoPlay H3 – US$ 230,00
Sendo fã do earbud A8, tinha grandes esperanças, mas fiquei decepcionado.
Achei caro para o que apresenta: graves e médios bem medianos, e aqueles tristes agudos que encontro em IEMs Audio-Technica e Sony baratos, fortes e com sensação de compressão. No final das contas, é exatamente como ele soou para mim: um in-ear barato. O que não é o caso, infelizmente.
Visualmente, porém, é bem acabado, mas – sei que é pessoal – o design também não me trouxe a boa impressão que o A8 traz.
Philips Fidelio L1 – US$ 199,99
Tinha boas expectativas, já que o L1 foi o primeiro fone mais sofisticado de uma marca que produz excelentes fones mais simples. Fisicamente ele é muito bonito, com boa construção, extremamente confortável e o isolamento é legal.
No entanto, achei que a sonoridade é bem hi-fi… bem colorido nos médios, com uma leve sensação de compressão, e uma transição estranha dos médios aos agudos – que também não me soaram como um exemplo de qualidade. Apesar disso, o equilíbrio tonal é muito bom e adequado ao uso pretendido e ao público alvo.
Marshall Monitor – US$ 200,00
Tem um visual que me lembra um pouco os Motörheadphones, mas obviamente muito mais sério e discreto. É muitíssimo bem construído, com vários detalhes interessantes, e o conforto é muito bom, assim como o isolamento.
Os graves são fortes, mas novamente estamos falando de um portátil. O interessante é que eles possuem uma qualidade meio surpreendente, porque notei uma grande capacidade de texturização nessa região, algo que encontrei em pouquíssimos dos fones que testei nessa viagem. Os médios são um pouco ocos e agressivos, mas no geral mais do que satisfatórios, e se os agudos apresentam um leve pico, também são interessantes. No geral, o equilíbrio tonal é muito bom e gostei muito do que ouvi.
Marshall Major – US$ 82,00
Já conhecia porque dois amigos meus têm um, e considero uma ótima opção pelo preço. Fisicamente é um tanto comum, mas apresenta boa qualidade de construção e é bastante leve e confortável.
Os graves têm ótima presença mas poderiam ter um pouco mais de corpo e os agudos poderiam ser um pouco mais evidentes. Mas os médios são bem satisfatórios, só um pouco irregulares – em algumas músicas, de alguma forma, as guitarras parecem estar mais à frente do que a voz. De toda forma, acho que pelo que custa é um ótimo fone.
CONCLUSÕES
Todos esses testes rápidos foram ótimos, e por incrível que pareça, me mostraram várias coisas.
Primeiro de tudo, é impressionante o quanto o mercado de fones de ouvido cresceu! Acho que só o fato de eu ter conseguido testar tantas coisas (algumas bem sofisticadas), mostram como tudo isso progrediu. Me parece que fones cada vez mais se tornam um objeto de desejo, e isso é excelente.
Mas as questões mais importantes que vi dizem respeito às sonoridades desses fones. Para mim, o aspecto mais importante deles é o equilíbrio tonal. Palco sonoro, dinâmica, extensão e todo o resto são secundários para meu aproveitamento. E, por isso, é muito interessante observar, dentre tantos fones, que poucos se adequam ao que considero ideal. Devo frisar que isso muitas vezes é questão de costume, e por isso é bem possível que, após algum tempo ouvindo algum fone que não me agradou tanto de primeira, eu acabe gostando dele.
De toda forma, nesse quesito, fiquei positivamente impressionado com o AKG K550, os fones da Shure e basicamente toda a linha HD da Sennheiser. Diante de todo o resto, eram fones que me traziam uma sensação de alívio e conforto, porque pareciam colocar tudo no lugar dentro dos meus parâmetros atuais do que é correto e agradável.
Mas meus ouvidos são meus ouvidos, e o que eu julgo um bom equilíbrio tonal pode não ser o ideal para outra pessoa. E esse equilíbrio é quase tudo o que consigo avaliar em testes tão breves. Entretanto, para mim, essa breve avaliação representa um filtro, para que eu veja o que pode ou não me agradar com o tempo.
Devo admitir, porém, que alguns, ao passo que não me passaram essa sensação de ajuste, introduziram colorações muito interessantes e bem vindas nas músicas, como a energia do Skullcandy Aviator, ou o impacto e visceralidade dos Motörheadphones.
Outra questão que vi foi a dificuldade de achar um portátil que se sinta igualmente em casa tanto na rua quanto no meu sistema. Tenho meus full-sizes em casa e o JH13 Pro, mas muitas vezes gostaria de um supra-aural ou circunaural portátil, já que não é sempre que quero colocar algo dentro dos ouvidos. Porém, não busco um fone para ser ouvido somente fora de casa, quero algo que funcione dentro também para audições mais descompromissadas. E acabei descobrindo que, para mim, isso é muito difícil.
Comprei um AKG K550, sem poder testá-lo, em boa parte com esse intuito – não saiu nessas breves avaliações porque vai ganhar uma completa –, mas vi que, num ônibus barulhento ou metrô, os graves (que são outrora bem satisfatórios) simplesmente não aparecem. Por isso, vejo que o ideal num full-size portátil é, de fato, uma quantidade bem incrementada de baixas frequências. Nesses moldes, acho que os melhores fones que ouvi foram os Sennheiser Momentum e Amperior, os Marshalls e os Motörheadphones. Porém, para mim, em lugares silenciosos o resultado é bem inferior ao balanceamento proporcionado pelo AKG.
Por isso, acho que esse coringa não existe no mundo dos full-sizes, e fica restrito aos intra-auriculares como o JH13 Pro. Eles possuem bastante isolamento, fazendo com que os graves mais balanceados sempre apareçam, independente das condições.
Fiquei muito feliz por ter conseguido realizar tantas audições interessantes, que foram capazes de me apresentar uma boa amostra do que está no mercado mainstream atualmente.