Álbuns de Destaque: Sweep Me Away

Álbum: Sweep Me Away

Artista: Fredrika Stahl

Gênero: Pop

Gravadora: Columbia

Lançamento: Julho de 2010

Faixas de destaque: Sweep Me Away, Fast Moving Train, Rocket Trip to Mars, Altered Lens, Fading Away

Primeiro de tudo, quero deixar claro que o objetivo dessa seção aqui no blog não é publicar álbums audiófilos de teste, e nem falar sobre CDs de artistas completamente obscuros e desconhecidos só porque têm uma excelente qualidade de gravação.

O que pretendo fazer é escrever sobre álbuns do mundo real, de artistas do mundo real, que possuem grandes méritos artísticos e, também, uma ótima qualidade de gravação – o que é cada vez mais raro hoje em dia.

Nesse primeiro post, vou falar sobre o último álbum de Fredrika Stahl, Sweep Me Away. A cantora sueca começou sua carreira em 2006 com o A Fraction of You, um álbum decididamente de jazz, mas com um pé no pop. O destaque não era a variedade de ritmos presentes, mas sim a deliciosa voz da artista, que cantava em inglês e francês com seu pequeno quarteto e algumas ocasionais participações de instrumentos de sopro. O segundo álbum, Tributaries, marcou uma mudança de direção, com uma maior exploração do lado pop de Stahl, mas ainda mantendo suas raízes. Em seu terceiro lançamento, ela entrou de cabeça nesse estilo.

Para os fãs dos primeiros dois álbuns, o terceiro, Sweep Me Away, pode ser uma grande decepção. Ela praticamente perdeu as raízes do jazz, se aventurando por inteiro em músicas românticas, ora melancólicas, ora esperançosas e até mesmo narcisistas em alguns casos. No entanto, aqui há um desenvolvimento muito interessante do grande trunfo da sueca. Sua voz não é mais somente a voz; é usada como um instrumento em complexos arranjos.

Alguns podem criticar não só o excesso de arranjos que não podem podem ser reproduzidos ao vivo, mas também o fato de a artista parecer ter “se vendido” aos requisitos da gravadora, o que de fato é uma impressão justificável. Existe a forte sensação de que esse não é um álbum inteiramente composto por Fredrika Stahl, mas sim por um time de produtores, arranjadores e engenheiros de estúdio. É possível que a artista tenha composto o núcleo de cada música, mas o excesso de gordura ausente em seu primeiro CD revela que não foi a cantora que produziu arranjos tão complexos.

No entanto, paradoxalmente, é essa gordura dos arranjos que me faz gostar tanto desse álbum. Eles podem sim ser excessivos, como na A Drop in a Sea, mas no final das contas produz um efeito muito interessante que complementa peças que seriam outrora muito simples. A voz de Stahl está mais doce e delicada do que nunca, mas sem perder a característica atrevida que tanto a marcou no Tributaries, em forte contraste com a sua aparente fragilidade. E é exatamente essa fragilidade e delicadeza, em conjunto com os arranjos quase barrocos, que encantam.

A introdução, seguida pela faixa título, já dá o tom do álbum com as diversas camadas de voz muito bem arranjadas. Aliás, o jeito com que as vozes são trabalhadas e usadas como um outro instrumento, é genial. A Sweep Me Away, assim como a Rocket Trip to Mars são grandes expoentes dessa característica.

Em geral, o álbum possui uma sonoridade muito fechada de estúdio, como pode ser visto pelo som da bateria. No entanto, a banda gera uma sonoridade muito relaxada e íntima que funciona como uma bela adição aos vocais de Stahl. As cordas também são muito bem gravadas e se encaixam como uma luva em algumas das composições, como por exemplo a Fast Moving Train e a Fading Away – que parece uma junção de uma cantora de pop com uma big band, onde o sopro também ocupa papel de destaque.

Em fones com um grande poder de resolução, como o JH13Pro, que não embola as várias camadas instrumentais, ouvir o Sweep Me Away é incrivelmente prazeroso. A voz da cantora é única; não conheço nenhuma outra que una delicadeza e fragilidade, por vezes num tom atrevido, dessa forma. Não tem como não se encantar!

O resultado final desse álbum que é tanto um esforço de Fredrika Stahl quanto de seus produtores, é um conjunto de faixas que não são incrivelmente originais, mas que cativam pela encantadora voz da sueca em conjunto com interessantes arranjos. É muito romântico, feminino e caloroso, conseguindo, com facilidade, chamar a atenção do ouvinte e prendê-lo por toda a sua extensão.

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