Audio-Technica IM50

INTRODUÇÃO

img_27838A Audio-Technica, ao contrário de algumas marcas no mundo dos fones, não parece ter um som próprio da casa. Ela apresenta linhas distintas com personalidades muito diferentes. Por exemplo, a linha profissional, com o clássico M50 e o PRO700 MK2, parece trazer uma personalidade mais divertida e autoritária; a A.I.R. leveza e arejamento; e a W, com seus suntuosos fones de madeira, busca eufonia e musicalidade. O que é inegável, porém, é que são fones com personalidades marcantes, e todos os que ouvi me agradaram bastante. Inclusive, tenho um M50 e um W3000ANV.

Infelizmente, não posso dizer o mesmo sobre os in-ears que ouvi até o momento. Já tive uma breve experiência com o CKM55 e já pude avaliar o CKM500 e o CKS1000. Apesar de ter observado algumas características interessantes no CKM500, não gostei de nenhum deles. Por isso, ao receber o IM50, da recente linha IM da marca (que também conta com o mais sofisticado IM70 e mais quatro in-ears, só que de armadura balanceada), eu não sabia o que esperar.

Trata-se de um pequeno in-ear, de meros 60 dólares, baseado num curioso driver dinâmico que a marca chama de Dual Symphonic Driver. Tratam-se, na realidade, de dois falantes dinâmicos numa só cápsula. Não sei bem quais seriam os benefícios de um transdutor como esse – acho que vamos descobrir ao longo da avaliação.

 

ASPECTOS FÍSICOS

Fisicamente, o IM50 não chama atenção. É um in-ear médio, com o corpo de plástico, mas logo de cara há um detalhe inesperado: cabo removível! Esse detalhe é raríssimo em intra-auriculares dessa faixa de preço, e fico muito feliz por vê-lo aqui. Afinal, 99% dos casos de quebra em fones de ouvido acontece devido a algum problema no cabo, e a possibilidade de simplesmente trocá-lo sem muito trabalho é uma excelente notícia, principalmente para os desastrados de plantão.

NEOACS-27944_2Outro detalhe é que, ao contrário da linha CK, a IM possui algo que gosto muito: um guia para que o cabo passe por trás da orelha. O resultado é um encaixe muito mais seguro e confortável.  Esse, aliás, é um ponto de destaque: para mim, o IM50 se mostrou excepcionalmente confortável mesmo para longas audições. Costumo ser chato com conforto, e não tenho do que reclamar aqui.

O cabo em si me parece de boa qualidade. Ao contrário do que está se tornando comum em outros fones, ele não é excessivamente fino. Também não é nada incrível, mas me parece resistente e competente. E o plugue possui a ponta pequena o suficiente para se encaixar em, acredito, basicamente qualquer capa de celular do mercado sem malabarismos.

No que diz respeito aos acessórios, também não tenho do que reclamar: além de três pares de ponteiras de borracha, é incluso um par de Complys, das quais gosto muito pelo conforto. Aliás, uma observação. O dono do fone (obrigado, Athos!) recebeu, erroneamente, dois pares de ponteiras médias com ele e um par de pequenas. Ao contactar a marca, eles rapidamente enviaram um saquinho com as corretas, sem custo algum. Acho que não é muito fácil encontrar suportes e pós-vendas assim hoje em dia. Também vai incluso um pequeno saquinho para transporte, que se não protege em nada o fone, ao menos deixa as coisas organizadas.

 

O SOM

Quando peguei o pacote do IM50, estava com um pouco de pressa começando minha jornada do dia. Mas não resisti e o coloquei no ouvido para ver pelo menos do que se tratava, uma breve introdução de alguns segundos – acontece que ela durou 2 horas, e só tirei o fone quando realmente precisei. Acho que isso resume esse in-ear: ele é delicioso de ouvir. Quente, eufônico e altamente musical – muito diferente do que ouvi com o CKM500 e o CKS1000.

IMG_6945Esses dois possuem uma sonoridade que considero relativamente típica em fones mais baratos (mesmo o CKS1000 custando muito caro) que usam falantes dinâmicos: graves algo exagerados, médios recuados e um pico desconfortável nos agudos. De alguma forma, o IM50, mesmo sendo um dinâmico barato, passa muito longe do estereótipo. Não sei o quanto disso se deve ao Dual Symphonic Driver da marca, mas o que posso garantir é que ele possui uma sonoridade muito particular e que me agrada imensamente.

Sei, porém, que essa é uma faca de dois gumes. Esse tipo de apresentação faz maravilhas para alguns momentos e gêneros, mas em compensação em outros casos fica muito longe do ideal. Da mesma forma que fones analíticos só costumam se dar bem com gêneros acústicos, principalmente música clássica, e gravações de referência, um fone quente, suave e caloroso com o IM50 vai fazer maravilhas com estilos que priorizem o relaxamento. Geralmente, digo que fones mais quentes têm a vantagem de se dar bem com qualquer gênero porque mesmo se não forem ideais são inofensivos (ao contrário dos analíticos mais agressivos), mas o IM50 foi um pouco longe nessa direção – o que pode ser bom ou ruim, dependendo do que você busca.

Os graves têm excelente presença, e talvez sejam o indicativo mais claro de que esse se trata de um intra-auricular baseado num falante dinâmico. Em compensação, estão longe de exagerados e condizem integralmente com a proposta do IM50 de ser musical e eufônico: a prioridade não é o impacto, e sim uma cheia presença. São graves gordurosos, por assim dizer. Isso, porém, significa que em termos de definição ele não é exatamente um exemplo – principalmente com as ponteiras de borracha, já que as Comply parecem limpar um pouco a resposta. Há muita suavidade e não tanta definição. É possível escutar claramente os baixos no final do último movimento da condução de Leif Segerstam da sétima sinfonia de Sibelius, mas a textura deles não é tão evidente quanto, por exemplo, num Etymotic MC3 ou num Ultimate Ears UE600.

De qualquer forma, as frequências mais baixas são apropriadas para gêneros diversos. Tanto em termos de qualidade quanto de quantidade, acredito que elas sejam condizentes com a proposta e com o preço do fone, e em momento algum senti falta delas ou achei que estavam em excesso.

IMG_6949Os médios são a melhor parte do IM50, e repetem as características dos graves – mas, aqui, aprecio ainda mais essa personalidade. São extremamente musicais, enquanto ainda me soam naturais e orgânicos. Aliás, aproveito para fazer um adendo: tonalmente, o IM50 me lembra muito o JH Audio Roxanne. Isso fica claro particularmente na região média, que parece apresentar um calor e uma suavidade muito parecidos. E isso é o que mais me conquista nos dois fones.

Como é de se esperar, porém, os dois estão em níveis completamente distintos. O Roxanne é melhor em qualquer aspecto, mas parece que a filosofia é a mesma. Só que o problema é que o in-ear personalizado não apresenta os aspectos negativos que geralmente vêm com essa personalidade, enquanto o IM50 não pode dizer o mesmo. (Essa não é exatamente uma crítica, afinal há uma diferença de preço abissal entre os dois). Ele está longe de poder ser considerado transparente ou detalhista – a suavidade é a prioridade, e se você busca escutar as músicas em seus mais intrínsecos detalhes ou navegar por um palco sonoro precisamente recortado, deve buscar outras opções. Mas para relaxar, acho muito difícil fazer melhor nessa faixa de preço.

Onde essa personalidade fica mais extrema é nos agudos. Eles são consideravelmente recuados. Isso para mim não é impeditivo, e mais uma vez condiz perfeitamente com o que a Audio-Technica parece ter tentado atingir com o fone, mas tenho total certeza de que um grande número de pessoas vai sentir falta de presença na região. Há pouco brilho em pratos de bateria por exemplo, que consequentemente soam obscuros e pequenos, e mais uma vez os detalhes são deixados em segundo plano em prol de uma assinatura suave, confortável e inofensiva. Para alguns isso vai ser bom; para outros, nem tanto.

 

CONCLUSÕES

IMG_6948O Audio-Technica IM50 me conquistou. Sua personalidade altamente musical e eufônica é espetacular nos gêneros e nos momentos certos. Hoje em dia, com o frenesi crescente da minha vida, tenho usado a música como um refúgio muito mais do que antigamente. Ouço frequentemente para relaxar – procuro listas com esse objetivo no Spotify e navego por músicas desconhecidas sem ver o tempo passar. Para isso, o relaxamento proporcionado pelo IM50 (tanto em termos sonoros quanto físicos) é absolutamente perfeita.

Se o que você quer é se divertir com as batidas do Deadmau5 ou com a energia do rock do Rival Sons, ou então se perder na ambiência das melhores gravações de música clássica, existem opções mais apropriadas no mercado.

Mas se for relaxar ouvindo Norah Jones… o Audio-Technica IM50 proporciona uma assinatura sonora de descompromisso (no melhor sentido da palavra), eufonia, suavidade e relaxamento realmente impressionantes não só em sua faixa de preço, mas também alguns degraus acima.

 

Audio-Technica IM50 – US$60,00

  • Driver dinâmico duplo (Dual Symphonic Driver)
  • Impedância (1kHz): 10 ohms
  • Sensibilidade (1kHz): 108 dB/1mW
  • Resposta de Frequências: 5Hz – 25kHz

 

Equipamentos Associados:

Portátil: iPod Classic, iPhone 5, Sony Xperia Z2

Mesa: Mac Pro, Abrahamsen V6.0, HeadAmp GS-X

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