UMA PAUSA: POR QUÊ FONES BLUETOOTH NÃO SÃO UMA BOA IDEIA
O motivo de eu não ter curiosidade é que existe uma enorme razão para um fone Bluetooth não ser uma boa ideia do ponto de vista audiófilo. Qualquer sistema de som digital (hoje basicamente qualquer coisa que não seja um toca-discos ou um tape deck) manipula energia elétrica proveniente de uma tomada no caso de um equipamento de mesa ou de uma bateria, no caso de um equipamento portátil, para que ela excite um alto-falante. É composto por um transporte (1), que envia dados digitais do arquivo de música para um DAC (2), que transforma esses dados digitais num sinal analógico que é então enviado para o amplificador (3), que amplifica o sinal e o envia ao alto-falante, que transforma a energia elétrica em mecânica (vibrações), que gera o que percebemos como som.
Tocadores mp3 e smartphones têm, internamente, esses três elementos: transporte, DAC e amplificador, enviando um sinal elétrico que viaja pelo cabo do fone até chegar ao alto-falante. Só que todo esse processo precisa de conexões físicas, já que estamos falando de eletricidade.
Se em determinado estágio essa conexão física é quebrada, em algum momento a eletricidade terá que ser gerada novamente porque ela é necessária para excitar o alto-falante. Em outras palavras, entre o falante e a quebra da conexão física será necessária uma bateria, para gerar um sinal elétrico, uma fonte, para manipulá-la de acordo com a música, por assim dizer, e um amplificador, que irá amplificar esse sinal para que ele tenha a “força” necessária para empurrar o falante. O Bluetooth é uma tecnologia que transmite dados digitais, e então a fonte, no caso do Zik, é um DAC. No caso do Sennheiser RS120, que avaliei recentemente e usa radiofrequência, é um receptor de rádio. Num fone Bluetooth, tudo o que estiver antes da quebra da conexão física atuará apenas como transporte.
Resumindo: num fone Bluetooth, o amplificador e o DAC têm que estar no fone. E, convenhamos, um fone de ouvido feito para o uso portátil não possui muito espaço disponível para uma bateria, um receptor Bluetooth, um DAC, um amplificador e um alto-falante. No caso do Zik, ainda há um touchpad, um DSP e um circuito de cancelamento ativo de ruídos. É muita coisa num espaço muito pequeno. O quão boa cada parte poderá ser? E, para piorar, Bluetooth não é uma tecnologia desenvolvida para transmissão de som – além de funcionar somente em curtas distâncias, é necessário que o arquivo seja comprimido para transmissão, como o que ocorre com mp3s. O recente protocolo aptX resolve em partes esse problema, mas infelizmente ele não está presente nos Parrots.