Glossário de Termos

Descrever sons não é fácil. Por isso vemos tantos jargões, que geralmente são sinestesias que tentam transformar experiências audíveis em assimilações mais concretas. Abaixo está um glossário de termos que uso com alguma frequência. O real entendimento deles vem com o tempo, após muita leitura e audições. Entretanto, espero que essas descrições possam ajudar iniciantes que não entendem muito sobre o que é dito nas avaliações.

Agressividade:

Personalidade energética, vigorosa mas cansativa. Geralmente, uma sonoridade agressiva tem uma grande quantidade de médios e/ou agudos em relação aos graves.

Agudos:

Frequências mais altas, como pratos de bateria.

Ambiência:

Espacialidade da gravação. Como ela apresenta um espaço definido ao redor dos instrumentos, que interagem com ele e reverberam.

Analítico:

Relacionado a frio. Mais preocupado em mostrar a gravação em todos os seus detalhes do que em proporcionar uma audição musical e cativante. Geralmente significa agudos proeminentes e médios e graves secos.

Arejamento:

Apresentação leve, que aparenta trazer ar no espaço entre os instrumentos.

Ataque:

Sensação de força e vigor, geralmente relacionada a graves com impacto e/ou médios para a frente.

Brilho:

Picos na região aguda que trazem, literamente, uma sensação de brilho no som.

Colorido:

Diferente de neutro – com com diferenças evidentes em relação à realidade.

Corpo:

Som que aparenta ser encorpado, com massa e volume, oposto de um som fino. Relacionado a tridimensionalidade.

Decaimento/Roll-off:

Diminuição do volume nos extremos das faixas de frequência. No limite dos graves ou dos agudos, o alto-falante progressivamente começa a parar de responder bem.

Definição:

Capacidade de mostrar cada instrumento ou som de maneira definida, com bom detalhamento e precisão espacial.

Detalhamento:

Capacidade de mostrar os detalhes da gravação, como o atrito físico entre os dedos do violonista e o violão, o passar do arco do violino nas cordas ou o sopro num saxofone.

Dinâmica:

Como se fosse a “amplitude” da música, a diferença de volume e espaço entre os sons mais baixos e os mais altos da gravação. Um som dinâmico é capaz de distinguir claramente as passagens mais calmas das mais intensas.

Doce:

Som relaxado e calmo, oposto de energético e agressivo. Geralmente relacionado a médios mais suaves, sem agressividade, e agudos comedidos.

Energia:

Vigor, força e/ou impacto.

Equilíbrio tonal:

Equilíbrio entre cada faixa de frequência – graves, médios e agudos. Um equilíbrio tonal bom e neutro apresenta as mesmas quantidades de cada faixa.

Escuro:

Oposto de um som claro, com brilho. Geralmente significa médios e graves presentes e agudos recuados.

Espacialidade:

Similar a ambiência. Capacidade de mostrar, na gravação, um espaço definido ocupado por cada instrumento.

Estridência:

Volume excessivo de médios e/ou agudos em relação ao restante, gerando um som estridente e altamente cansativo.

Eufônico:

Similar a doce e musicalidade. Personalidade que prioriza um “embelezamento” da apresentação, tentando torná-la mais agradável, em detrimento da neutralidade. Oposto de analítico.

Extensão:

Até onde os graves e agudos são audíveis com bom volume, antes de um decaimento/roll-off significativo.

Frio:

Subjetivo! Minha visão parece ser a da maioria, mas sei de pessoas que interpretam da menria oposta. Contrário de quente e fortemente relacionado a analítico. Geralmente significa graves recuados e secos e agudos excessivos e ásperos.

Granulação:

Sensação de “grãos” na sonoridade, que fazem com que ela não pareça lisa.

Graves:

Frequências mais baixas, como contra-baixos ou bumbos de bateria.

Imagem:

Relacionado a palco-sonoro e espacialidade. Apresentação da música de maneira correta no que diz respeito ao espaço apresentado, com um espaço definido e cada instrumento ocupando uma porção específica desse espaço.

Impacto/Punch:

Força, geralmente relacionada aos graves.

Macio:

Relacionado a doce, quente, eufônico e musical. Som inofensivo e ligeiramente esmiuçado. Em minha interpretação, são sons que possuem poucos agudos que trariam “picos” e consequentemente uma sensação de granulação. Pode significar que falta definição.

Médios anasalados:

Sons que parecem ser anasalados e, consequentemente, distorcidos e não naturais – como se tivéssemos falando com o nariz entupido ou cobrindo a boca com as mãos em forma de concha.

Médios:

Frequências médias, entre graves e agudos. É onde se encontra a resposta de boa parte dos instrumentos, como a maioria das vozes, guitarras, saxofones ou trompetes.

Musicalidade:

Também é subjetivo no que realmente representa, mas significa uma apresentação agradável, possivelmente em detrimento da fidelidade. Similar a eufônico.

Neutro:

Som fiel ao original, seja à gravação ou ao verdadeiro som dos instrumentos.

Palco sonoro:

Relacionado a imagem, espacialidade, recorte e arejamento. Capacidade de mostrar, através do som, um espaço definido onde os instrumentos estão tocando para que a música aconteça.

Para a frente/forward:

Com maior volume em relação ao resto. Relacionado a agressivo.

Pesado:

Forte e maciço. Geralmente é usado para graves, o que significa que os graves são fortes e volumosos.

Pico:

Pequeno segmento da resposta de frequência com grande volume relativo ao resto.

Presença:

Literalmente, estar presente e audível dentro do todo.

Profundidade:

Palco sonoro que parece apresentar profundidade além de comprimento, com instrumentos que dão a impressão de estar audivelmente atrás de outros.

Quente:

Subjetivo! Minha visão parece ser a da maioria, mas sei de pessoas que interpretam da maneira oposta. Oposto de frio. Apresentação mais musical, com graves e médios doces e macios e agudos mais comedidos, sem qualquer agressividade.

Recorte:

Definição dos limites espaciais de cada instrumento dentro do palco sonoro apresentado, de maneira que cada um deles tenha seu lugar próprio que não interfere com o dos outros.

Relaxado:

Oposto de energético. Som calmo e inofensivo, geralmente relacionado a quente, musical, doce e eufônico.

Resolução:

Capacidade de resolver passagens musicais com competência, ou seja, tudo deve ser propriamente definido espacialmente e temporalmente, sem embolações. Ou seja, cada instrumento ou som deve ter seu espaço e seu tempo dentro da música, sem invadir os dos outros. Relacionado a transparência, velocidade e detalhamento.

Resposta de frequência:

Como o fone responde em diferentes frequências (sons graves, médios e agudos). Se um fone é neutro, há pouca variação entre a resposta em diferentes faixas de frequência.

Seco:

Oposto de “gordo”; som magro e definido.

Sibilância:

Problema nos agudos que causa um som de “S” rasgado.

Textura:

Capacidade de mostrar o som de instrumentos de maneira física e realista, como se fosse, de fato, uma textura audível.

Timbre:

Característica tonal/personalidade sonora de algum instrumento

Transparência:

Habilidade de ser transparente, mostrando a música em todos os seus detalhes.

Tridimensionalidade:

Capacidade de mostrar instrumentos que aparentam ter um corpo e uma massa definidos, tridimensionais.

Velado:

Oposto de transparente. Som que esconde detalhes com o que aparenta ser um “véu” sobre a música, impedindo que nuances sejam ouvidas.

Velocidade:

O quão rápido o fone responde a impulsos. Um fone rápido apresenta um som que aparece muito rápido e decai muito rápido. Geralmente fortemente relacionado a uma apresentação seca e analítica.