Superlux HD668B

INTRODUÇÃO

Quem acompanha o site sabe o quanto fiquei impressionado com o HD681, da Superlux. Até testá-lo, nunca havia ouvido um headphone tão bom por tão pouco. Contudo, a marca possui outros modelos – alguns, inclusive, mais bem avaliados dentro do hobby. Um desses é o HD668B que, de acordo com a marca, tenta trazer uma personalidade mais neutra e equilibrada.

Graças à GearBest, consegui um HD668B para avaliação. Trata-se de um circunaural aberto de baixo custo desenvolvido para uso profissional. Ele custa em torno de 30 dólares.

Link para o produto aqui.

 

ASPECTOS FÍSICOS

O HD668 é praticamente igual ao HD681 – ou seja, é uma cópia do AKG K240 toda em plástico e com qualidade de construção apenas aceitável. Não há qualquer tipo de luxo ou firula. Assim como seu irmão mais famoso, o conforto é apenas razoável. Vê-se que estamos falando de um projeto simples em termos de ergonomia, e apesar de não haver pressão lateral ou superior significativa, há alguns pontos de pressão em locais um pouco estranhos.

Mas há diferenças significativas em relação ao HD681, que já começam pela embalagem, que é mais completa e conta com dois cabos além da sacolinha de transporte de nylon. O cabo do HD668B segue um esquema inusitado visto em outros fones da marca: ao invés de um conector fêmea no fone, há um micro cabo em uma das conchas, terminado num P2 macho. A embalagem conta com duas extensões, de tamanhos diferentes, que podem ser conectados ao fone. É uma solução interessante, mas que abre margem (como já vi) ao surgimento de algum rompimento no micro cabo do fone. Também é incluso no pacote um adaptador P2-P10.

A última diferença, fora as cores, é o sistema de regulagem do arco. Enquanto o HD681 utiliza uma tira de courino suspensa por elásticos, como o AKG K240, o HD668B possui o que parecem as wings de alguns fones da Audio-Technica.

 

O SOM

O HD668 apresenta uma assinatura brilhante, mas, ao menos para os meus ouvidos, sem grandes exageros. O que acontece é que os agudos em geral têm bastante presença, mas o mesmo ocorre com os sub-graves. Consequentemente, os médios aparentam estar recuados, porém novamente não de maneira excessiva. O resultado é que ao mesmo tempo em que o HD668B pode ser visto como um fone com resposta em V, isso não traz grandes prejuízos em termos de equilíbrio tonal e timbre.

Sua sonoridade resultante pode ser vista como elegante e detalhista mas também, quando necessário, como uma grande pancada. É muito engraçado comparar ao AKG K240 porque ele, em comparação, devido à personalidade centrada nos médios, parece um rádio de pilha. O Superlux é um fone muito mais vivo e envolvente.

Vamos começar pelos agudos: eles talvez sejam o grande destaque do HD668B, porque estão consideravelmente para a frente em sua apresentação. Pratos de bateria ganham vida – pode parecer estranho inicialmente, porque guitarras podem ficar mais para trás, mas minha sensação é de que parece ser uma mixagem ligeiramente diferente que não soa artificial. Além disso, o timbre é muito bom. Algo de que gosto muito da música Roswell’s Spell, do Chevelle, é a marcação do tempo com o hi-hat aberto no refrão. No HD668B, isso tem ainda mais destaque, e o resultado é sensacional. Mas basta chegar ao refrão que as guitarras assumem a linha de frente.

Ao mesmo tempo, tenho total certeza de que esses mesmos agudos irão incomodar muitas pessoas porque eles são, de fato, fortes. Na faixa Big Boi, da ABRA, em alguns casos eles parecem uma lâmina nos ouvidos. Porém, não é como no HD681 da própria Superlux porque, nele, há um pico bastante evidente. Aqui, toda a região é levantada, desde os médio-agudos. Também não é como um Sennheiser HD800, porque neste fone alemão parece haver um pico localizado nos médio-agudos e, ao contrário do que ocorre no HD668B, não há uma “cama” de sub-graves pronta para amaciar uma apresentação que se torna, no final das contas, estéril.

Não quero, evidentemente, comparar os dois fones – o HD800 é superior em basicamente qualquer aspecto –, mas devo observar que no caso do Sennheiser, o resultado final nas altas frequências me incomoda muito mais do que no Superlux.

Os médios, como já disse, ficam um pouco recuados na apresentação – porém, o timbre é bom. Eles me soam relativamente naturais, mas de uma forma um pouco mais distante, fria e com menos corpo. O resultado varia conforme a mixagem, e felizmente os problemas reais (como o fato de a voz de Pete Loeffler ficar um pouco sem vida na Hats Off to the Bull) são a exceção, e não a regra.

Nesta área, em particular, prefiro o resultado com o HD681. De alguma forma, seus médios trazem, justamente, mais corpo e tridimensionalidade. É possível que isso ocorra porque no HD668B, toda a região dos agudos é levantada.

A espacialidade apresentada pelo HD668B também é bastante interessante. A música COME 4 ME da ABRA deixa isso evidente: boa espacialidade e precisão. Neste aspecto, aliás, uma comparação com o Audio-Technica M50X, um campeão em claustrofobia, é covardia. O Superlux é consideravelmente mais aberto e arejado, mas consegue trazer ótimo impacto e força ao mesmo tempo. A meu ver, é consideravelmente melhor do que o Audio-Technica AD700X porque consegue trazer um palco sonoro igualmente expansivo, porém mais tridimensional e com maior profundidade. Há muito detalhamento, mas sem perder a musicalidade. Por isso, em minha opinião o HD668B é um fone consideravelmente mais interessante para os que buscam um fone que sejam bons para música e jogos.

Uma única observação é que este Superlux, assim como o HD681, não é um fone absurdamente fácil de ser empurrado. Algumas placas-mãe podem ter dificuldade em tirar dele um volume satisfatório, o que pode exigir um investimento numa placa de som dedicada ou num conjunto de DAC e amplificador.

Já os graves são, para estes ouvidos, na medida, com extensão excepcional. Alguns podem achar que falta graves, já que de fato eles não são dramaticamente presentes e o incremento na região apresentado pelo HD668B está nos sub-graves. Porém, é justamente disso que gosto porque há todo o peso necessário para prover uma apresentação autoritária, mas sem interferência no restante do espectro. Aliás, há mais baixas frequências do que no HD681.

Apesar disso, em algumas situações eu até gostaria de uma presença a mais nessa região, mas sei que não seria natural. Além disso, uma outra questão, que é difícil de apontar, é que em algumas situações acho que falta um pouco de substância… é como se os graves fossem, de certa forma, mais ocos do que o que encontro no BeoPlay H6 ou no Focal Elear. Mas não é, de forma alguma, um problema significativo.

 

CONCLUSÕES

Mais uma vez, me vejo encantado com um fone da Superlux. Mas não é sem motivo: o HD668B é muito próximo do HD681. É como se fosse o mesmo fone, mas com uma voz um pouquinho diferente. Por isso, boa parte dos elogios que fiz para este em sua avaliação, posso fazer para aquele. Ou seja: trata-se de um ótimo fone, e de um fone excepcional para sua faixa de preço.

Em algumas situações, prefiro o HD681 por conta de seus médios mais encorpados e tridimensionais. Em outras, o equilíbrio ligeiramente maior e graves um pouco mais presentes do HD668B me soam mais agradáveis.

De qualquer modo, o ponto crucial é que temos aqui, no final das contas, dois fones que vão muito, muito além do que o preço sugere. Sinceramente, para uso em casa, nunca ouvi nada (fora outros Superluxes, como o HD681EVO e HD662EVO, que serão avaliados futuramente) equivalente por menos de R$500. Eles são portas de entrada excepcionais para a audiofilia e, incrivelmente, fones que conseguem, sob alguns aspectos, competir com outros que custam dez vezes o seu preço.

A Superlux continua surpreendendo.

 

Superlux HD668B – aprox. R$100,00

  • Circunaural dinâmico fechado
  • Sensibilidade (1 mW): 98dB SPL/mW
  • Impedância (1kHz): 56Ω
  • Resposta de Frequências: 10Hz-30kHz

 

Equipamentos Associados:

HP Spectre x360 15” 2017, Benchmark DAC1 PRE, Samsung Galaxy S8+

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