INTRODUÇÃO
Earbuds viraram coisa do passado. Depois que os in-ears, que por natureza resolvem seu maior defeito (carência de graves), ganharam popularidade, os earbuds foram cada vez mais sendo deixados de lado, fora uma ou outra exceção – como os Apple EarPods e o Bose IE2.
Entretanto, nos últimos anos, por algum motivo a comunidade audiófila tem se voltado aos earbuds. Por motivos que explicarei mais adiante, em termos gerais, se o que você busca qualidade de som num pacote muito pequeno, geralmente é melhor se voltar para os in-ears. Porém, muitos simplesmente não gostam da sensação de algo tampando os ouvidos e, para eles, os earbuds acabam sendo a única opção. Acho que essa é uma das explicações para a resiliência desse tipo de fone, mas sinceramente, suspeito que haja algo além disso – há uma enxurrada de novos modelos prometendo alto desempenho, vindos principalmente dxa China. Alguns são surpreendentemente caros, como o Yuin PK1 e o TY Hi Z HP-650, que custam, respectivamente, US$155 e US$125. Outros estão no extremo oposto, como o VE Monk, a febre do momento, que pode ser adquirido por meros US$4 e tem encantado entusiastas mundo afora.
Estou com alguns earbuds dessa nova leva para avaliação – VE Monk comum, VE Monk com controle remoto no cabo, VE Monk Candy Edition, TY Hi-Z HP-32, TY Hi-Z HP-120, Auglamour RX-1 e Senfer PT15. Também vou colocar no comparativo não só um representante da velha guarda – o Bang & Olufsen A8, meu primeiro fone mais sofisticado –, como também dois das massas, os Apple Earbuds originais e os atuais EarPods. Acho que as coisas vão ser bem interessantes.
ASPECTOS FÍSICOS
A qualidade de construção varia bastante entre os modelos: o TY Hi-Z HP32 e o VE Monk são os mais simples, todos em plástico sem nenhuma firula, não sendo muito diferentes de fones que encontramos em camelôs – no entanto, tenho dois exemplares deste último. Um deles tem não só um cabo de qualidade relativamente alta como também controle remoto e microfone no cabo, uma função opcional que custa 5 dólares. O outro é o modelo mais simples, sem o opcional.
Já o TY Hi-Z HP120 e o VE Monk Candy Edition têm um cabo trançado mais interessante, inclusive com plugues de metal. O cabo do Monk Candy Edition é azul, vermelho e preto, sendo portanto bastante chamativo. Não faz bem o meu estilo, mas é muito interessante saber que se trata de uma edição especial com apenas 300 unidades produzidas.
Os Earbuds da Apple estão um passo acima. Eles aparentam ser um pouco menos robustos (Earbuds destruídos eram uma visão muito comum), mas a qualidade dos plásticos usados é muito maior e há mais refinamento e esmero em sua construção. Os atuais Airpods apresentam um aspecto semelhante, porém em um formato mais moderno e apresentam o controle remoto no cabo mais bem desenhado.
Depois há o Senfer PT15, que é bastante surpreendente para um fone de menos de 10 dólares. Seu corpo é feito de metal, e o cabo é removível por meio de um conector MMCX – algo que não esperaria mesmo de earbuds bem mais caros. O Auglamour apresenta uma qualidade de construção ainda melhor, com um corpo de liga de zinco e um cabo revestido bem interessante. Ele também vem num pacote consideravelmente mais luxuoso, com alguns acessórios (case para transporte, straps para juntar um DAP/smartphone a um amplificador e uma pecinha de metal com o logo da empresa). Mas esse é um modelo mais caro, custando aproximadamente 23 dólares.
Por último há o Bang & Olufsen A8, que mais uma vez eleva o patamar com metal de maior qualidade, materiais emborrachados, articulações suaves e precisas e um visual extremamente elegante e sofisticado. Sua versão atual se chama BeoPlay Earphones, e até onde sei não há diferença entre elas fora o nome. Por mais que ele seja consideravelmente melhor do que os outros fones aqui testados em termos físicos, o incremento de preço é imenso. Fazendo jus à fama da fabricante dinamarquesa, ele custa, hoje, 150 dólares.
Pessoalmente, nunca tive problemas de conforto com earbuds em geral – ao contrário do que ocorre com intra-auriculares, não parece haver tanta variação. Os modelos avaliados aqui demonstram isso: todos me proporcionam um bom nível de conforto, principalmente quando há aquela espuminha tradicional. O único que vai um passo além é o A8, que apresenta um “gancho” que o prende atrás das orelhas. Definitivamente é algo que melhora a segurança do encaixe, o que pode ser particularmente interessante para aqueles que vão praticar esportes com o fone – o Bang & Olufsen definitivamente não vai sair das suas orelhas. Isso, aliás, não prejudica significativamente o conforto, apesar de eu achar que, quanto mais livre, melhor
O SOM
Pense que sons são simplesmente variações de pressão no ar. É por isso que, em boa parte dos casos, quando falamos de som (principalmente caixas de som), tamanho é documento porque a quantidade de pressão que será gerada por um alto-falante está diretamente relacionada ao seu tamanho. Existem ressalvas, é claro – por exemplo, em fones full-size, a proximidade com os ouvidos faz com que isso não seja tanto um problema. Contudo, com earphones, a história pode ser um pouquinho mais complicada.
O que ocorre é que os falantes usados nesse tipo de fone costumam ser muito pequenos, e quando falamos de earbuds – ou seja, aqueles que repousam na parte de fora das orelhas –, é muito difícil ter um bom desempenho nos graves porque é como se seus falantes tivessem que movimentar uma quantidade de ar que vai além dos seus limites. Intra-auriculares resolvem esse problema porque a vedação do canal auditivo, atingido por meio das eartips, reduz drasticamente essa quantidade de ar. Logo, é uma “carga”, por assim dizer, muito menor para o falante.
Esse, além do som audivelmente “pequeno”, sempre foi meu maior problema com os earbuds. Até gosto de alguns modelos – por exemplo o meu BeoPlay A8, por sua linearidade e claridade –, mas é uma apreciação por características específicas, e não por sua qualidade de som em geral, se isso fizer sentido.
• Apple Earbuds – US$19,00 (fora de produção)
Os Apple Earbuds são um exemplo claro dos problemas que assolam os esse tipo de fone. Para o meu gosto, é um fone terrível. Não há resquício de graves, os médio-agudos são excessivamente fortes, o som é bastante embolado e ele atua como claro exemplo do que acontece quando o gabinete de um transdutor não é controlado. Explico: é possível ouvir claramente colorações provenientes das vibrações que são transferidas do falante para seu corpo de plástico. É como se houvesse algum eco, e o resultado para mim é muito desagradável. Quando o aperto contra meus ouvidos as coisas melhoram, mas é impossível ouvir os Apple Earbuds assim.
É claro que estamos falando de um fone que foi, por muito tempo, incluso basicamente por questões de conveniência com tocadores portáteis, mas é triste saber que muitas pessoas ainda têm esse tipo de sonoridade como referência. Sinceramente, não consigo pensar em absolutamente nada de positivo para falar aqui
• VE Monk – de US$4,00 até US$15,00
Todos os problemas dos Apple Earbuds ficam ainda mais claros quando, depois dele, coloco o VE Monk nos ouvidos. Esse fone atualmente é uma febre, e consigo entender o porquê.
Em termos gerais, sua sonoridade é equilibrada, pendendo para um lado mais fechado e quente – e é, simplesmente, muito gostosa de se ouvir. Não acho que seja perfeito mas, pelo que custa, é muito impressionante.
Ele é centrado nos médios, e não há tanta extensão em ambos os extremos… e por isso eu não o consideraria um fone particularmente fiel. Além disso, assim como basicamente todos os earbuds que já ouvi, sua sonoridade ainda é “menor” do que a que ouço de intra-auriculares em geral. Os graves, em particular, são um pouco acima da média desse tipo de fone, mas ficam devendo à maioria dos in-ears – principalmente na extensão. Na Teardrop, do Massive Attack, isso fica bem claro. O contrabaixo fica bem mais atrás em sua apresentação. A versão de No Diggity do Campsite Dream sofre do mesmo problema. A batida não tem peso, e é como se um pedaço da apresentação estivesse faltando. Já havia lido algumas avaliações que o elogiavam por graves cavernosos, mas eu definitivamente não encontrei isso nele.
Ao mesmo tempo, seus médios são excepcionais. Em termos de transparência e clareza o VE Monk não se destaca, mas existe algo extremamente prazeroso e cativante em sua apresentação, que também é consideravelmente linear. Ela é quente e nostálgica, com um toque de calor nos médios, e se dá incrivelmente bem com estilos mais calmos e envolventes – por exemplo, adoro escutar o álbum Vestiges and Claws do José González com ele. É como se eu tivesse plena consciência de que não estou tendo uma experiência hi-fi como tenho com o Dunu DN2000 por exemplo, mas ele me faz não querer isso. De certa forma, é um pouco como ouvir um disco de vinil em uma vitrola antiga. Você sabe que está ouvindo algo já degradado, que não chega perto de um sistema estéreo de verdade, mas há algo muito encantador naquela experiência. O Monk me transmite, com os gêneros certos (pense também num jazz mais calmo, a la Dave Brubeck Quartet) uma sensação parecida.
Entretanto, devo fazer algumas observações: primeiramente, assim como os Apple Earbuds, ele apresenta coloração de gabinete, apesar de numa proporção drasticamente menor. Segundo, o Candy Edition é um pouco mais frio e agressivo, sem esse toque de calor na região média – como consequência, curiosamente, o considero ligeiramente pior que o original. E a minha unidade, com o controle remoto, é um pouquinho pior do que o básico, que é mais caloroso e musical. Não sei se são variações na linha de produção ou se, ao menos no caso do Candy Edition, o cabo trançado apresenta alguma característica que degrada seu desempenho – como por exemplo uma impedância mais alta.
• TY Hi-Z HP-32 – US$7,90
A seguir, passamos para o TY Hi-Z HP-32 e imediatamente tenho uma boa surpresa: graves! O desempenho do HP-32 nessa região é surpreendente para um earbud, que dirá um desse preço. Eu definitivamente não estava esperando essa presença nas baixas frequências. Ainda não estamos falando de algo do nível de um intra-auricular dos mais atuais, mas é uma quantidade de graves comparável a muitos dos antigos in-ears baseados numa única armadura balanceada. O único detalhe é que não existe milagre, e a extensão ainda não é tão incrível. Quer dizer… o HP-32 até toca frequências muito baixas, como as da Truant do Burial, mas é como se elas se perdessem um pouco no espaço entre os falantes e os seus tímpanos.
Contudo, ele é perfeitamente aceitável até mesmo com música eletrônica. Na maioria dos casos você ainda não vai ter um desempenho tão incrível nessa região, mas em algumas situações, fico bastante chocado com o que ouço de um earbud desse preço. Por exemplo, na If I Was Your Boyfriend Featuring Anastacia (Leonardo Glovibes & SvyTex Remix) do Tony Moran as batidas são surpreendentemente presentes. Há peso e presença – evidentemente não no nível do Dunu DN2000, mas definitivamente muito, muito acima do que se espera.
No entanto, nem tudo são flores: nos médios e nos agudos ele é bem mais estridente e menos linear que o VE Monk que, nessa região, sai na frente. Em determinadas situações, o resultado pode ser consideravelmente fatigante, principalmente pelo que ouço como um boost nos médio-agudos e uma coloração que o deixa com uma sonoridade um pouco anasalada. Não é nada no nível dos Apple Earbuds, mas para os meus ouvidos é uma característica notável – principalmente quando posto ao lado do VE Monk.
Por isso, acabam sendo fones com personalidades e objetivos aparentemente distintos. Enquanto o Monk é um fone ideal para uma audição mais calma e suave, o HP-32 é mais interessante para gêneros mais animados. Ele é, também, muito mais detalhado.
Em geral, é um desempenho muito inesperado, e não tenho medo ao afirmar que se trata de um dos earbuds mais surpreendentes que já pude ouvir, apesar de eu ter algumas ressalvas.
• TY Hi-Z HP-150 – US$22,90
Isso me traz ao seu irmão maior, o HP-120. Fiquei tão impressionado com o HP-32 que, ao ver um HP-120 à venda no Brasil por um preço justo, não hesitei em comprar.
Ele é muito parecido com o HP-32, mas ao mesmo tempo em que algumas falhas são corrigidas – é menos agressivo, apesar de não ser tão caloroso e envolvente quanto o VE Monk e de ainda ter os médios um pouco mais para a frente –, há uma diminuição na quantidade de graves apresentada. Ele ainda possui uma atividade muito acima da média nas baixas frequências, mas para os meus ouvidos é inegável que o HP-32 é superior nesta região.
Além disso, o HP-120 é mais difícil de ser empurrado, e em meu Benchmark DAC1 tenho que abrir mais o botão de volume. Ainda não o considero um fone difícil de tocar, e não tenho problemas com meu Galaxy S7 Edge. Entretanto, tenho que chegar perto do limite de volume em algumas situações. Fico imaginando como será o HP-650…
Entretanto, o problema dos médios e médio-agudos se mantém, apesar de amenizado. Quando o comparo ao VE Monk ou aos Apple EarPods, ouço uma apresentação consideravelmente mais cansativa. Vejo da seguinte forma: o VE Monk, por exemplo, pode não trazer sempre todas as “partes” da música, devido à carência de graves, mas também nunca ofende. Já os TY Hi-Z amenizam essa questão e têm graves mais presentes, mas podem incomodar em várias situações.
Apesar dessa constatação, continuo gostando muito do HP-120. Talvez não me impressione tanto quanto o HP-32, mas acho que é uma questão de gosto. Se você preferir médios e médio-agudos um pouco mais calmos, mas ainda assim bem agressivos, o modelo mais sofisticado é melhor – mas se quiser mais graves, prefira o mais simples. O ideal mesmo seria um misto dos dois… ou melhor, um misto dos graves dos TY Hi-Z com os médios e agudos do VE Monk.
• Apple EarPods – US$24,90
E, assim chegamos aos Apple EarPods: em partes, eles parecem trazer justamente isso. Me surpreende observar o quanto esse fone é negligenciado pelos audiófilos de plantão. Será que é porque é ele é comum demais para eles? O que sei é que se trata de um earbud espetacular.
Primeiro de tudo, há uma quantidade de graves muito semelhante à do HP-32. Ou seja: eles vão muito além do que se espera de um earbud, apesar de ainda não ser comparável à maioria dos intra-auriculares. Se você tiver um bom encaixe, o que não é muito difícil tendo em vista seu formato razoavelmente anatômico, será presenteado com um desempenho muito satisfatório nas baixas frequências. Na Elliot, da Elli Ingram, as batidas têm ótima presença e preenchimento. Reiterando: nada como boa parte dos in-ears, mas totalmente satisfatório e condizente com a proposta do fone.
Nos médios e agudos, ele pode não ser tão delicioso quanto o VE Monk, mas não fica muito atrás. Há uma quantidade maior de graves, e os médios em si são até parecidos, com uma apresentação muito suave, mas há mais agudos – então apesar de eles me parecerem mais neutros, detalhados e transparentes que o Monk, perdem um pouco da apresentação mais suave e melodiosa que o chinês oferece.
Outra questão é que, para os meus ouvidos, os EarPods também apresentam uma sonoridade maior do que o comum com esse tipo de fone. Não é uma diferença drástica em relação ao VE, por exemplo, mas ela existe e ajuda a tornar o resultado um pouquinho mais interessante.
• Senfer PT15 – US$25,00
Ao passar para o Senfer, devo confessar que o que senti foi decepção. Gostaria muito que seu visual mais rebuscado viesse acompanhado de uma sonoridade igualmente interessante mas, para mim, esse definitivamente não é o caso. Me parece que, com ele, você paga pela construção e não pela qualidade de som.
Depois do calor do VE Monk, dos graves presentes de ambos os TY Hi-Z e do equilíbrio dos EarPods, o que encontrei no Senfer foi simplesmente uma sonoridade típica de earbuds. Ou seja, mais estridente, focada nos médios e agudos (apesar de não haver tanta extensão) e sem nada de graves. Nada mesmo.
Até gosto dos agudos, que me parecem ser bem corretos timbristicamente, e de sua transparência, mas essa carência total de graves e agressividade em geral me desagradam bastante, assim como o que ouço como uma coloração anasalada nos médios. O TY Hi-Z HP-32 também traz essa característica, mas com habilidades para se redimir. O Senfer, não… para piorar, também se mostrou um fone bastante ineficiente. Sei que também faço essa crítica ao HP-150 mas, novamente, o PT15 não me dá nada em troca, ao contrário do Hi-Z.
• Auglamour RX-1 – US$14,00
E o Auglamour RX-1… consegue piorar as coisas. E muito. Aqui tenho mais um exemplo de um earbud que não parece ter trazido nenhum dos avanços proporcionados pelas outras marcas.
Ele tem ainda menos graves que o PT15 (são completamente inexistentes, desde os médio-graves), e o mesmo pode ser dito dos agudos. Minha sensação é de que sua apresentação se restringe a uma faixa de frequências bastante limitada, e focada em regiões mais altas dos médios – justamente aquela que, se em maior volume, mais incomoda. Ele não é tão agressivo e desbalanceado quanto os Apple Earpods, mas é um pouco como ouvir música com o falante do celular – você claramente está escutando apenas um pedaço da música.
Assim como no caso dos Earpods, simplesmente me vejo sem muito de positivo para falar a respeito de sua sonoridade. Não há comparação entre o RX-1 e todos os fones já testados aqui, apenas os Apple Earbuds.
• Bang & Olufsen A8 – US$150,00
Já o Bang & Olufsen A8 tem uma tarefa difícil: resistir à investida de todos esses chineses de baixo custo e aos EarPods. Sob alguns aspectos, ele é sim melhor do que todos os outros fones aqui testados. Mas não sei se é o suficiente para justificar tamanha diferença de preço…
Gosto muito do A8 e, em geral, ele se mostra um fone mais equilibrado, transparente e neutro do que todos os outros deste comparativo. É, notavelmente, um fone superior em termos de refinamento. Até mesmo o VE Monk, em comparação, parece mais sujo e menos refinado – o A8 consegue trazer um pouquinho da calma e do calor do Monk, o que acaba criando uma sonoridade basicamente tão envolvente quanto mas com significativos incrementos em transparência e detalhamento. Os agudos também são mais presentes.
Essa linearidade é ainda mais evidente quando comparado a ambos os TY Hi-Z – Auglamour RX-1, Senfer PT15 e Apple Earpods, então, nem se fala. É quase como comparar um Sennheiser HD600 a um headphone de camelô.
Mas ele definitivamente não é perfeito. Os graves, especialmente, não chegam no nível dos TY Hi-Z ou dos EarPods. É uma história parecida com a que vejo no VE Monk: ele se adequa muito bem a gêneros mais calmos e suaves, mas se o que você quer é se divertir com gêneros como música eletrônica ou hip-hop, o A8 vai te deixar na mão. Não por tanto, mas vai.
Outra questão que tem me incomodado, e que eu nunca havia percebido, é que esse Bang & Olufsen por algum motivo é muito deficiente em sua capacidade de me apresentar uma imagem frontal. Mesmo os fones mais carentes em espacialidade geralmente conseguem no mínimo criar uma espacialidade com três “bolhas”: uma na frente dos olhos do ouvinte e duas logo à frente das orelhas.
Com o A8, é como se a bolha da frente estivesse faltando! O palco sonoro não parece se formar à sua frente, e sim meio que atrás dos seus olhos… não costumo ser particularmente exigente em termos de espacialidade, tanto que nunca tinha notado essa característica. Mas, agora que notei, não consigo mais me distrair e acho algo muito esquisito.
Consequentemente, considero o A8 um fone muito mais polido que todos os outros, mas devemos lembrar que ele custa 150 dólares – o que mais se aproxima dele em termos de preço nesse comparativo, os EarPods e o Senfer, custam 7 vezes menos. Por mais que na grande maioria dos aspectos ele seja de fato melhor do que todos os outros, penso eu provavelmente não pagaria tanto a mais pelo A8.
CONCLUSÕES
O que ficou claro para mim neste comparativo é como, hoje, existem excelentes alternativas para aqueles que buscam qualidade mas não querem algo inserido dentro dos ouvidos, ou que procuram algo portátil mas que não te isole do mundo.
Apesar de não ter gostado dos Earbuds, do Auglamour e do Senfer, em geral fiquei muito impressionado com o que ouvi aqui. O VE Monk encanta pela melodiosidade e eufonia; os TY Hi-Z pela presença nos graves; e o Bang & Olufsen A8 pelo refinamento.
Entretanto, pasmem: o vencedor deste comparativo são os Apple EarPods. Apesar de ele ser mais caro do que a maioria dos outros earbuds aqui testados, não acho que esse seja o motivo para os audiófilos em grande parte ignorarem sua existência. Será por sua onipresença no mercado?
O que vi – ou melhor, ouvi – é que esse fone é o que melhor combina habilidades. Enquanto com todos os outros há sempre um preço a se pagar – seja ele carência de graves, agressividade nos médio-agudos ou alguma outra coisa -, com os EarPods há, pura e simplesmente, um ótimo desempenho, com bastante equilíbrio e naturalidade. Ainda sei que intra-auriculares até mais baratos podem ser superiores (caham, KZ ZST), mas como já comentei algumas vezes, para alguns, IEMs não são uma opção.
Se esse for seu caso, tenho uma boa notícia: você não vai precisar procurar muito. Há grandes chances de aquele fone que você vê nos ouvidos de várias pessoas a cada esquina ser a resposta para você também.
Equipamentos Associados:
Portátil: Samsung Galaxy S7 Edge
Mesa: HP Spectre x360 15″ 2017, Benchmark DAC1 PRE