Fones gamers são bons?

Se você é minimamente ligado em tecnologia, já percebeu que os headsets gamers se tornaram onipresentes no mercado de fones de ouvido. Eles nada mais são do que fones com microfone, voltados para o público gamer. Mas fica a questão: o quão bons são esses equipamentos, principalmente comparados a fones tradicionais?

Bem, em minha experiência… não muito. Já tive a oportunidade de testar alguns headsets – inclusive de marcas “renomadas”, como a Razer e, sinceramente, fiquei muito impressionado com o quanto eles eram ruins. Sonoridade totalmente desequilibrada em ambos, em um para o lado escuro, embolado e sem definição e no outro para uma apresentação magra e estridente. E estou falando de fones que custavam mais de R$500.

Em minha opinião, o grande problema é que fones gamers parecem priorizar perfumarias, e não um real bom desempenho sonoro. Focam na estética, em luzes, em softwares mirabolantes e em outras artimanhas para conquistar um público que, com muita frequência, acaba se encantando com elas e talvez acabe se esquecendo que o maior objetivo de um fone de ouvido é trazer uma boa qualidade sonora.

Evidentemente, não há nada de errado em procurar essas características e funcionalidades e pagar por elas, desde que essa seja uma escolha consciente. E, acredito, em muitos casos ela não é. Vejo boa parte desse público convencida de proezas inexistentes desse tipo de fone.

O maior exemplo de artimanha que é puro marketing é o multicanal. Já disse isso algumas vezes, e vou repetir. Multi-canal não faz o menor sentido num fone de ouvido, porque se refere à quantidade e à posição de caixas de som específicas numa sala. Essas posições são impossíveis de serem replicadas acusticamente num fone, e essa simulação (mesmo nos fones que se dizem 5.1 ou 7.1 reais é uma simulação) não traz uma capacidade de posicionamento dos sons melhor e mais natural do que um bom fone estéreo.

O multi-canal, para mim, é a ilustração perfeita dos problemas que vemos no mercado de headsets: tecnologias sem sentido que frequentemente não trazem benefícios reais em relação a opções mais tradicionais. Tudo o que vejo que fones gamers prometem – bom desempenho sonoro, com amplo palco, transparência, e definição – quase sempre podem ser obtidos em maior proporção e por um menor preço em fones comuns. De fato, esses costumam vir sem um bom microfone, mas basta adicionar um de lapela que seu problema estará resolvido. Um Superlux HD681 é uma opção de baixo custo que certamente dará um banho de água fria na vasta maioria dos fones gamers do mercado. E, se você quiser gastar mais, pode pensar num Audio-Technica AD700X ou num M50X, ou ainda num AKG Q701. Pode ter certeza: você não vai sentir falta de um surround sound emulado com um desses. Vai experimentar a boa acústica de um bom fone e não vai mais querer olhar para trás.

Existem, porém, exceções: como esse mercado tem crescido, ele aparentemente chamou a atenção das grandes fabricantes de fones, que passaram a oferecer seus próprios produtos voltados a esse público. Um exemplo é a linha GAME da Sennheiser, com alguns modelos baseados na linha HD5XX, consagrada por seu ótimo desempenho para músicas. Então, algo como um GAME ONE ou GAME ZERO nada mais são do que excelentes fones de ouvido com um microfone integrado. O mesmo vale para fones como o Kingston HyperX Cloud, que é baseado num fone OEM que também tem versões oferecidas pela Arcano e Takstar. É novamente uma versão para jogos de um fone feito para música.

Por isso, minha sugestão é essa: se você quer um fone para jogar, a menos que esteja considerando fones comuns convertidos para headsets, como os da Sennheiser ou o HyperX Cloud, fuja de fones gamers. Um bom fone para música, como um Superlux HD681, aliado a um microfone externo vai trazer todo o desempenho que você precisa – e, por vezes, a um custo muito menor.

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