Índice da Série Passei 3 Anos da Minha Vida Desenvolvendo um Fone
- Capítulo I: Introdução
- Capítulo II: Minha Entrada na Audiofilia
- Capítulo III: O Primeiro Fone Que Criei
- Capítulo IV: O Surgimento da Kuba
- Capítulo V: Os Primeiros Desenhos
Capítulo I: Introdução
Pensei muito antes de decidir escrever essa série – fiquei, de certa forma, numa saia justa. Explico: áudio é um hobby para mim. Gosto de testar equipamentos, de ler sobre eles e também de escrever – avaliações, textos explicativos, enfim… tenho prazer em fazer isso, e não ganho dinheiro com o site. Durante algum tempo, o máximo que consegui foi cobrir meus custos. Hoje, nem isso. Mas mantenho o MIND THE HEADPHONE porque gosto.
Só que, desde 2014, fones de ouvido passaram também a ser, de certa forma, minha profissão. Junto com três amigos e sócios, criei uma start-up: uma marca de equipamentos de som que tem, como primeiro produto, justamente um fone de ouvido – a Kuba.
E é aí que a história complica. Tenho mantido os dois trabalhos totalmente separados – nunca falei em nenhum grupo de áudio sobre a Kuba mas, ao mesmo tempo, conforme a empresa vai dando seus primeiros passos, é inevitável que meu envolvimento venha sendo descoberto. Já vi compartilharem, em alguns grupos, o site da marca – e amigos que sabem que é uma start-up com a qual estou envolvido comentarem sobre meu envolvimento. Nunca comentei ou entrei em detalhes. Já me pediram, também, que eu avaliasse o fone. Entretanto, evidentemente, não posso fazer isso.
Antes de ser empreendedor, sou um apaixonado por música e equipamentos de som. Vou continuar usando meu amado BeoPlay H6 na rua, a ir a encontros e, crucialmente, a testar equipamentos da mesma forma como sempre fiz. Relatando o que há de bom e o que há de ruim em cada um. Basta olhar todas as minhas avaliações desde o final de 2014 para ter a prova de que nada mudou.
Por isso, o ideal seria nunca me pronunciar aqui sobre a Kuba, e simplesmente me abster de comentar quando falarem sobre o assunto em algum grupo de hobbistas, ou até mesmo diretamente comigo, ao menos que seja em algum ambiente que não seja exclusivamente da marca. Isso tudo não por não achar que eu possa ser imparcial – tenho total certeza de que, se falasse sobre o fone, seria absolutamente sincero. Não existe equipamento perfeito, sei muito bem para quem ele foi projetado, quais são as suas qualidades e seus defeitos. Acho, inclusive, que seria até mais crítico do que o normal por saber que é um trabalho meu – tenho ciência dos pontos em que gostaria de ter chegado numa solução melhor, mas não pude por questões de custos ou de dificuldades projetuais, e sei também as áreas em que fico feliz com o meu trabalho. Sou designer – e nós geralmente somos bastante críticos e perfeccionistas.
Entretanto, se eu mantivesse essa postura crítica, estaria privando você, leitor, de um insight ao qual provavelmente nunca teria acesso: eu, Leonardo, apaixonado por música, fones e áudio, passei os últimos 3 anos da minha vida desenvolvendo um fone de ouvido do zero. Passei por muita coisa. Aprendi muita coisa. Como de fato se desenvolve um fone. As possibilidades, os sucessos, os percalços… entrei de cabeça num mundo hostil. É uma jornada árdua, mas muito gratificante. E é (quer dizer, está sendo) uma história da qual me orgulho. Meu objetivo, nesse espaço que tanto prezo, não é, e nunca será, fazer qualquer tipo de propaganda. Para isso, há um banner aqui (pelo qual a empresa me paga, aliás, como qualquer outro anunciante com o qual não tenho nenhum tipo de envolvimento) e propagandas no Facebook, no Instagram e em outros lugares. Com esses textos, meu objetivo definitivamente não é esse. Se isso ainda não estiver claro, vai ficar ao longo do tempo.
Meu objetivo é dividir outra visão sobre o mundo dos fones de ouvido – completamente diferente das habituais avaliações. Como se desenha um fone? É difícil? Qual o público? Como se faz a parte de engenharia? A acústica? As peças de plástico? A ergonomia? Como se desenvolve um alto-falante? Qual o custo de produção de um fone? E de P&D? De onde vêm os componentes? Eles são desenvolvidos do zero? E branding e marketing? Como é fazer uma empresa disso? Os concorrentes não são muito grandes? Como se diferenciar deles? É preciso investimento externo? Onde se consegue? E por aí vai.
Meu objetivo com essa série é contar a minha história com a Kuba. Tudo o que aconteceu, e como aconteceu. As decisões, as dificuldades, as alegrias… basicamente, como um hobbista entrou realmente no mundo que é sua paixão.
Definitivamente não vai ser uma série curta. Mas talvez seja a coisa mais interessante que vou escrever.