Assim como no caso do Sennheiser HD 202 II, trago uma boa notícia: geralmente, quando recebo fones para avaliação – seja de marcas, de revendedores ou de amigos –, costumo ter que enviá-los novamente para o dono. Mas esse Superlux HD681 foi cedido pela AudioTAG, uma loja on-line de eletrônicos com foco em fones de ouvido, para que ele fosse avaliado e, então, sorteado entre os leitores do site. O sorteio será realizado na página do Facebook da loja. Vale lembrar que não tenho qualquer afiliação à empresa ou ao sorteio em si, que foi totalmente organizado por ela.
INTRODUÇÃO
Após alguns anos de hobby, aprendi que mais caro não quer dizer melhor e que não é preciso desembolsar fortunas para conseguir maneiras incríveis de escutar música.
Apesar de ter um Sennheiser HD800, um Grado HP1000 e um Audio-Technica W3000ANV, o fone que mais uso é o Sennheiser HD650. E mesmo tendo um JH Audio Roxanne para ouvir fora de casa, tenho usado muito meu Parrot Zik 2.0. Em minha opinião, mesmo que fones mais sofisticados tragam diversos benefícios, no final das contas fones mais simples podem também trazer muitas coisas interessantes para a mesa. Por isso, gosto de testar fones independente da categoria ou da faixa de preço.
A Superlux é uma fabricante de fones, microfones e outros eletrônicos de Taiwan que tem ficado cada vez mais popular por, pelo que dizem, trazer uma relação custo-benefício imbatível. O curioso é que quase todos os modelos da marca são cópias descaradas (algumas levemente modificadas) de fones clássicos: AKG K240, Beyerdynamic DT770 Pro, Sony MDR-7506 e Sennheiser HD 25 são algumas das vítimas. Tenho a teoria de que são clássicos cuja patente de desenho industrial já expirou.
O HD681, “homenagem” ao AKG K240, é um dos modelos mais acessíveis da marca, e por isso é também um dos mais populares. Trata-se de um circunaural semi-aberto de 130 reais.
ASPECTOS FÍSICOS
De imediato, o HD681 já ganhou um título: nunca vi um fone com uma embalagem tão simples. É literalmente um pedaço de papelão com o fone no meio, coberto por plástico. Se fosse um fone mais caro eu me importaria, mas como não é, a sensação que tenho é que não foi gasto dinheiro desnecessário na embalagem, e isso é bom. Os acessórios são apenas uma bolsa de tecido para transporte e um adaptador P2-P10 rosqueável.
O fone em si, como já dito, é uma cópia do AKG K240, com algumas poucas diferenças estéticas e de acabamento. É visivelmente um fone simples, com acabamento condizente, mas para um sua faixa de preço é o suficiente.
Ele é leve, apesar de grande, e há pouca pressão lateral ou superior. Em termos de conforto é satisfatório, e minha maior reclamação fica por conta do formato pouco anatômico das espumas, que são de courino e removíveis. Não é que incomode muito, é só que ele não dá a sensação de encaixe de fones mais sofisticados. Há pressões em alguns lugares específicos e folgas em outros, o que mostra que não houve um trabalho muito extenso de ergonomia como o HD681.
O cabo é longo e aparenta ser resistente, apesar de infelizmente não ser removível, ao contrário do que ocorre no HD668B. Por ser grande, semi-aberto e possuir um cabo longo, não é ideal para uso portátil, apesar de ser um fone relativamente fácil de ser empurrado.
O SOM
A sonoridade do HD681 é um pouco difícil de descrever, mas estou realmente tentado a usar uma palavra: sensacional. Independente da faixa de preço. No entanto, estou ciente de que isso acontece porque ele possui uma sonoridade muito específica, que talvez seja um pouco ame-o ou deixe-o. Estou com os dois pés na primeira opção.
O que acontece é que esse Superlux possui muita atividade nos agudos e bastante presença nos sub-graves. Curiosamente, em minha opinião essa costuma ser uma receita para o desastre, mas de alguma forma o HD681 não me passa a sensação de ser excessivamente em V. O vejo é um fone que aparenta ser consideravelmente transparente e detalhista mas ao mesmo tempo forte e autoritário, o que compõe uma apresentação espacial porém muito envolvente.
Vamos começar pelos graves: já li em alguns lugares que o HD681 é um fone que carece de presença nas baixas frequências, mas discordo fortemente dessa afirmação. Há bastante peso nos sub-graves, mas é um incremento bem feito que não prejudica em nada as outras regiões do espectro. O resultado é bastante peso, mas de uma forma incisiva e autoritária. Os graves não são exatamente firmes, mas também não os considero excessivamente lentos e soltos. Estão num interessante meio termo. Há razoável textura e definição e excelente extensão, com oitavas baixíssimas devidamente apresentadas.
Os médios talvez sejam a parte mais complicada do Superlux, porque eles são notavelmente recuados, mas de alguma forma, é uma apresentação que me soa condizente com o todo. Quando o comparo imediatamente a qualquer um dos meus fones, exceto talvez o HD800, é evidente que o HD681 possui pouca presença nessa região. Por isso, em alguns gêneros acho que vozes, guitarras e outros gêneros que dependam de desenvoltura nos médios poderiam ter mais presença.
O resultado é uma percepção de que parte da transparência notada de início é apenas aparente, já que algumas informações provenientes dos médios não são devidamente explícitas. Mas, novamente, é uma característica que parece fazer bastante sentido tendo em vista a apresentação geral do fone, que ao invés de intimista é mais espacial. Vale observar que não estou aqui falando de um defeito que poderia ser explicado pelo fato de estarmos falando de um fone muito barato, e sim explicando uma característica que pode ou não agradar, independente do quanto ele custa. Inclusive, apesar de estarem recuados, os médios me parecem consideravelmente naturais – mais do que no Audio-Technica ATH-M50 e no Sennheiser HD449, por exemplo.
Os agudos, como dito anteriormente, são muito fortes. Estão à frente na apresentação e, em muitos casos, me soam ásperos. Definitivamente é algo que vai fazer com que muitos não consigam apreciar o HD681, apesar de existirem algumas modificações que atenuam essa característica. É uma quantidade de agudos comparável à do HD800, apesar de esse último apresentar toda a região levantada, e não apenas alguns picos como o HD681, e de ele ter menos presença nos graves.
Dito isso, dissecar a sonoridade desse Superlux talvez não seja a forma ideal de analisá-lo. Apesar dos agudos fortes e dos médios recuados, estou realmente impressionado com o que estou ouvindo desse fone. Para alguns gêneros ele é simplesmente fantástico, independente de ser um fone de meros 130 reais. O que acontece é que ele apresenta um pouco da personalidade do Sennheiser HD800 e do Sony SA5000, tendo um lado mais analítico e espacial, mas o acentuado peso nos sub-graves o confere bastante autoridade sem prejudicar essa personalidade.
Trilhas sonoras de filmes se beneficiam da forte presença dos graves e dos agudos, e estilos como MPB, jazz, música clássica e outros gêneros acústicos se dão muito bem com a pegada mais refinada e levemente analítica do Superlux. Música eletrônica também traz belíssimos resultados. A Stronger, do Kidnap Kid, me dá arrepios com o HD681. E surpreendentemente, ele definitivamente não faz feio com gêneros mais pesados como rock e metal. Apesar de eu achar que um pouco mais de presença nos médios em relação aos agudos faria bem, os sub-graves acentuados o conferem uma qualidade muito divertida, que faz com que boas gravações de rock tenham bastante energia. O bumbo da incrível Open My Eyes do Rival Sons, por exemplo, é uma verdadeira porrada.
CONCLUSÕES
Apesar de eu saber que é possível ter tanto prazer com fones baratos quanto com os mais sofisticados, confesso que me surpreendi com o quanto gostei do Superlux HD681. Os graves podem não ser os mais firmes, os médios poderiam ter mais presença e os agudos são muito fortes, mas esse circunaural barato mostrou uma personalidade que me agradou tanto que estou seriamente considerando comprar um para mim.
Ao mesmo tempo, devo deixar algumas coisas claras: no hobby, é muito comum que de vez em quando leiamos relatos sobre os mais diversos “giant-killers”: fones baratos que conseguem brigar com valentões muito mais caros. Esse tipo de relato em minha opinião é perigoso, porque no final das contas tudo é uma questão de gosto. A pessoa pode ter gostado muito do que um determinado fone apresenta e isso faz com que ele o prefira a outras opções mais sofisticadas, mas é uma questão totalmente pessoal. O resultado de relatos desse tipo geralmente são decepções.
Então, quero deixar evidente que não posso garantir que você vá gostar do Superlux HD681 tanto quanto eu, já que ele possui uma personalidade singular que não necessariamente se encaixa com o seu gosto. Mas posso garantir que adorei esse fone, não importando o quanto ele custa. Provavelmente, inclusive, tomará o posto do meu ATH-M50 como o fone da minha coleção para música eletrônica.
Independente do valor, o Superlux HD681 é um ótimo fone. Em sua faixa de preço, porém, ele é espetacular.
Superlux HD681 – R$129,90
- Driver dinâmico único
- Impedância (1kHz): 32 ohms
- Sensibilidade (1kHz): 98 dB/1mW
- Resposta de Frequências: 10Hz – 30kHz
Equipamentos Associados:
Portátil: iPod Classic, Sony Xperia Z2
Mesa: Mac Pro, Yulong D100, HeadAmp GS-X
Onde comprar: