INTRODUÇÃO
Assim como depois da avaliação do Sennheiser HD800 fui para um dos mais simples da marca, o HD202, após ter testado um dos earphones mais caros do mercado, o JH Audio Roxanne, vou falar sobre o in-ear mais barato que já testei aqui no site: o Philips SHE3590.
Muitas pessoas têm o desejo de entrar no hobby mas não dispõem de muito capital para fazer investimentos iniciais e não estão dispostas a enfrentar as inconveniências de uma importação. Para elas, em fóruns, a Philips é frequentemente recomendada. A tradicional fabricante oferece diversos modelos, em faixas de preço muito variadas, mas em comum há a ampla disponibilidade no mercado nacional a preços não tão diferentes daqueles praticados no exterior.
O SHE3590 está entre os in-ears mais baratos da marca, podendo ser encontrado por módicos 22 reais – no exterior, o preço de tabela fica por volta dos 14 dólares.
ASPECTOS FÍSICOS
O SHE3590 é um minúsculo e simpático in-ear. A versão que tenho em mãos é preta e a construção é inteiramente de plástico. São fornecidos três pares de ponteiras, em três tamanhos diferentes, numa embalagem bem compacta e simples – não há gastos desnecessários aqui.
O cabo possui um ótimo comprimento (não é curto nem longo demais), mas transmite bastante microfonia. O fone é confortável, principalmente pelo fato de o encaixe ser raso. Em compensação, o isolamento não é dos mais eficazes que já vi.
O SOM
Recentemente fiquei impressionado com alguns fones budget que ouvi: o Sony MH750 que veio no meu Sony Xperia Z2 é super competente, e digo o mesmo para o fone que vai incluso no Samsung Galaxy S5. As coisas definitivamente não eram assim – ainda tenho aqui uma pequena coleção de fones desse tipo, inclusos em celulares e notebooks, e é impressionante como a situação melhorou para esses pequenos fones.
O Philips não é diferente. Que fonezinho agradável! Apesar de haver um grande incremento nos sub-graves e agudos algo felizes, ele é surpreendentemente equilibrado, principalmente na presente, clara e coesa região média.
Os graves não são neutros – como eu disse, há um boost nos sub-graves –, mas são bem melhores do que os fones cujos médio-graves são mais felizes. Aqui, o resultado é um aumento na autoridade e no peso, sem prejuízos em outras regiões. Os graves são altos, mas não a ponto de tornar a apresentação desbalanceada e muito menos de embolar os médios.
Confesso que as vezes o resultado é um pouco estranho, porque os graves acabam tendo um peso um pouco desproporcional, mas a questão crucial é que eles não invadem as outras regiões e não prejudicam a inteligibilidade da música. Inclusive, em algumas gravações de música eletrônica, pop ou hip-hop o resultado desse incremento nos sub-graves acaba trazendo um resultado para lá de interessante.
Os médios são muito bons – levemente abertos, com uma característica um pouco texturizada bem interessante. Me lembra um pouco alguns fones mais simples de armadura balanceada – como o Logitech UE600 –, mas com menos corpo. É ligeiramente mais analítico, mas ainda assim o resultado me parece bem linear equilibrado nessa região. Ele não vai ganhar prêmios de espacialidade, mas em termos de detalhamento é bem impressionante para um in-ear desse preço.
Já nos médio-agudos e agudos é que a coisa desanda um pouco. Em gêneros calmos não ouço qualquer problema. Pelo contrário, é um apresentação bem coerente, com agudos que complementam os médios de forma muito competente, apesar de a extensão e a definição não serem muito desenvolvidas.
Só que em músicas um pouco mais pesadas, o resultado por vezes se torna um pouco ríspido, com agudos um pouco mais agressivos do que eu gostaria. Eles têm brilho e garantem que a apresentação não vai ficar monótona e sem vida, mas em alguns casos acho que passa um pouco do ponto. Mas vamos nos lembrar: vinte e dois reais.
CONCLUSÕES
O Philips SHE3590 me deixou muito positivamente impressionado. A questão é que, para mim, o mais importante num fone é o equilíbrio tonal, e é nele que esse in-ear acerta. É claro que não é perfeito, mas é muito competente e traz um resultado muito prazeroso. Não tenho medo ao afirmar que, por mais incrível que pareça, se eu tivesse que escolher entre ele e o JVC FX700 ou os in-ears Audio-Technica que já testei, ficaria com o Philips sem pensar duas vezes.
Sua personalidade parece estar um pouco no calor e na eufonia, com graves cheios, e um pouco do lado analítico, devido aos médio-agudos e agudos, mas sem exagero. E os médios competentes fazem com que eu não perceba sua apresentação como em V, algo que definitivamente não me agrada.
O SHE3590 me mostrou que as coisas do lado mais acessível do hobby estão muito longe de serem ruins – muito pelo contrário, certamente têm capacidade de trazer horas e horas de muita diversão e prazer auditivo.
Philips SHE3590 – R$22,00
- Driver dinâmico único
- Impedância (1kHz): 16 ohms
- Sensibilidade (1kHz): 102 dB/mW RMS
- Resposta de Frequências: 12Hz – 23kHz
Equipamentos Associados:
Portáteis: Sansa Clip Zip, iPod Classic
Mesa: iMac, Abrahamsen V6.0, HeadAmp GS-X