Impressões de um meet

Há algum tempo fiz um post falando sobre o primeiro showroom dedicado a fones de ouvido do país, projeto realizado pelo forista do HTForum Fabio Venâncio. Apesar de alguns contratempos o projeto finalmente saiu do papel, e até melhor do que a ideia inicial. Algumas marcas muito interessantes já estão sendo representadas oficialmente e apresentadas no espaço.

Fui convidado para um evento que foi realizado lá, no dia 16/08, com um grupo de entusiastas que também levaram diversos equipamentos. Esse tipo de evento é fantástico, não só pela possibilidade de testar aparelhos que seriam outrora inacessíveis quanto – principalmente – por poder conhecer ou reencontrar bons amigos virtuais. Essa, na minha opinião, é a melhor parte do hobby: as amizades que fazemos pelo caminho e que se consolidam em eventos como esse.

A seguir, algumas impressões sobre equipamentos, com direito a uma galeria de fotos ao final. Porém, uma observação: mesmo com um excelente ambiente como o proporcionado pelo Fabio, com salinhas independentes, é impossível formar opiniões precisas e profundas sobre os equipamentos, já que há barulho, o tempo das audições é pequeno e, geralmente, as músicas e os equipamentos relacionados são desconhecidos. Por isso, essas impressões devem ser vistas apenas como isso: impressões preliminares, que podem se confirmar ou não com audições mais prolongadas.

Gostaria de agradecer imensamente ao Fabio pela fantástica experiência, pelo espaço incrível e pela enorme hospitalidade. Fico muito feliz que nosso hobby terá um representante como ele no país. Também agradeço aos importadores que disponibilizaram seus equipamentos para audição (como a equipe da Alpha, o Matias da Âmbar – que também, encarecidamente, cedeu as fotos usadas para ilustrar esse artigo! – e o caríssimo Filipe Nogueira, da Unique Melody) e, por último mas não menos importante, aos amigos que estavam presentes pelas inestimáveis conversas e descontrações. Agora, às impressões:

 

Audez’e LCD-X e LCD-XC

Não gosto muito do LCD2, mas reconheço que se trata de um excelente fone. O LCD-X e o LCD-XC, no entanto, são outra história: o desconforto continua, mas a sonoridade final é, em minha opinião, consideravelmente mais equilibrada. Os graves são muito mais contidos e os agudos têm mais presença e definição. A região média se mantém exemplar (como no LCD2), mas no LCD-XC notei uma certa coloração típica de fones fechados, o que me incomodou um pouco. Obviamente, ela inexiste no LCD-X.

Em termos de acabamento acho que também houve uma melhoria – o corpo de metal é muito bonito –, mas confesso que esperava mais da peça de madeira do XC. Alguns grãos da madeira são táteis e a camada de verniz poderia ser mais uniforme. Acho que eu talvez esteja sendo muito exigente com uma empresa pequena por ser designer, mas era impossível não notar a superioridade do W3000ANV que também estava presente nesse aspecto.

 

HiFiMAN HE560 e HE6

O novo HE560 foi uma surpresa: o salto de qualidade física e de construção em relação aos antigos modelos da marca é surpreendente. Apesar de não gostar muito da estética do arco, é inegável que se trata de uma solução muito mais elaborada e eficaz, e a leveza do fone – é sem dúvidas o planar-magnético mais leve que já vi – traz muito mais conforto. O acabamento também é muito melhor, com partes em madeira e espumas muito mais sofisticadas que o habitual da fabricante.

Em termos de som, ele mantém parte da personalidade altamente eufônica do HE500, mas é ao mesmo tempo muito mais correto: os graves e os agudos, em particular, me soaram muito mais coerentes. Em comparação ao HE6, no entanto, não há como deixar de observar que há menos autoridade, transparência e resolução. O HE560 parece uma opção mais eufônica, meio que como um HD650 comparado a um HD800. Ambos me soaram consideravelmente superiores ao meu antigo HE500.

 

Sennheiser HD800

Como os que acompanham o site sabem, já tive um HD800 antes e não gostava dele, apesar de hoje ser um fã confesso. Tenho resultados espetaculares com o HeadAmp GS-X, mas é uma personalidade decididamente fria, o que não é problema para mim visto que esse fone desempenha um papel específico num sistema mais completo. Eu não conseguiria viver com ele como meu único fone.

Nesse evento, fiquei curioso para ver como ele se comportaria com amplificadores mais eufônicos e definitivamente não me decepcionei: tanto o DNA Stratus do Felipe Stanquevisch quanto o Leben CS300XS apresentado pelo Fabio fizeram um excelente trabalho de deixar o fone alemão consideravelmente mais musical. Os graves ganharam vontade e os agudos recuaram um pouco.

 

Audio-Technica W3000ANV

Os que leram minha avaliação sabem que esse é o fone mais eufônico que conheço. No entanto, sempre achei que o pareamento com um amplificador mais musical e suave acabaria trazendo um resultado exagerado. Definitivamente não foi o que aconteceu com o Stratus: na minha opinião, esse valvulado trouxe à tona o melhor que esse Audio-Technica tem a oferecer.

Espetacularmente musical, com graves arredondados e presentes, médios assustadoramente doces e – a principal diferença em relação ao resultado com o GS-X –, agudos mais suaves.

 

AKG K1000

Mais um que sofreu os benefícios do DNA Stratus: apesar de ter visto que o GS-X aliado ao Abrahamsen deu ao clássico austríaco uma nova vida comparado ao que eu ouvia quando tinha esse fone, pude notar que sua versão bass light no sistema do Felipe tocou horrores – mais do que tocava em minha casa.

 

Sennheiser HE90 Orpheus

Sem comentários. O rei.

 

Unique Melody CIEMs

Três modelos da marca estavam presentes em forma de universais: Merlin v.2, Miracle e Mentor. Não é novidade que gosto muito do Merlin e do Mentor, mas nunca tinha ouvido bem o Miracle. Curiosamente, nessa breve audição preferi o Merlin ao Miracle, porque ouvi médios mais presentes, compondo um equilíbrio tonal mais interessante. Já o Mentor se encontra em outra categoria.

Não vou me estender, porém, já que em breve estarei com o trio para um comparativo.

 

Parrot Zyk

Uma das surpresas do dia! Obviamente não se trata de um fone audiófilo, mas o som é muito bom para um portátil, é extremamente confortável, sem fio e altamente conveniente: por exemplo, possui uma superfície sensível ao toque no lado esquerdo que permite ajustar o volume, pausar ou continuar apenas deslizando o dedo, e pausa e retoma ao removermos e o recolocarmos na cabeça.

 

DNA Stratus

Como os mais atentos já devem ter percebido, foi um dos equipamentos que mais me impressionou no evento. As proezas sonoras definitivamente se equiparam à fantástica e inusitava pintura azul.

O resultado obtido com o LCD-XC e, principalmente, com o HD800 e o W3000ANV foi realmente espetacular. Trata-se de um amplificador decididamente eufônico mas altamente equilibrado e consideravelmente transparente. Com esses dois últimos fones, inclusive, prefiro o resultado com o Stratus do que com o GS-X. Se esses dois fossem meus únicos fones, se eu não precisasse da versatilidade extrema do HeadAmp e se eu não tivesse minha atividade como avaliador, o que em minha opinião requer as características brutalmente neutras do HeadAmp, consideraria seriamente uma troca.

 

Leben CS300XS

É um renomado amplificador que sempre tive a curiosidade de escutar. Pude constatar que ele possui uma personalidade mais marcante, e traz resultados que vão um pouco além das características inerentes de amplificadores valvulados ou estado sólido: ele é mais vigoroso, com graves e agudos particularmente incrementados.

Acho que essa característica pode ser um pouco complicada, tanto porque prefiro – por questões de filosofia – equipamentos mais próximos da neutralidade quanto porque o resultado com uma vasta gama de fones se torna relativamente imprevisível. O que vi, consequentemente, foram opiniões diversas: com o Audez’e LCD-XC e os Sennheisers HD650 e HD800 prefiro o DNA Stratus, mas alguns amigos muito experientes que também estavam lá se encantaram com esse japonês, e não foi sem motivo.

 

Schiit Magni

Como é que um equipamento tão pequeno e tão barato pode soar tão bem?

 

Calyx M (DAP high-end)

Já tive os players high-end HiFiMAN HM-801, iBasso DX100 e Sony NW-ZX1. Todos eles foram vendidos porque desejo neles apenas qualidade de som e conveniência, e enquanto neste aspecto os DAPs supracitados perdem para o iPod, naquele sempre achei que a diferença de preço não se justificava. O Calyx se mostrou a exceção: na minha opinião, ele oferece um incremento consideravelmente substancial em relação ao iPod, oferecendo inclusive uma belíssima UI e aspectos físicos bem competentes.

É isso! Espero que esse tipo de evento se torne cada vez mais frequente – e com as amizades que se fortalecem no hobby, essa é uma grande possibilidade.

 

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