INTRODUÇÃO
O Koss PortaPro não é o único fone visto com frequência na televisão. Os atentos vão ver que há outro, um que repórteres costumam usar – principalmente em locais barulhentos: o Sennheiser HD 25-1 II. E não para por aí. DJs também idolatram esse on-ear e são clientes fiéis desde que foi lançado em sua primeira versão em 1987. Se uma marca pode se idolatrar por ser a escolhida pelos profissionais do ramo, não é a Beats, é a Sennheiser.
Até a introdução do Momentum, o HD 25-1 II (e suas variantes, como a mais simples HD 25 SP II ou o HD 25 Aluminium, com cups de alumínio) era o portátil topo de linha da marca, apesar do aspecto exageradamente simples e funcional. Consequentemente, o preço assusta quem julga pelas aparências: na tabela, ele custa 250 dólares, mas pode ser encontrado por aproximadamente 190.
ASPECTOS FÍSICOS
Os que quiserem um fone luxuoso e atraente para atrair olhares na rua podem esquecer o HD 25-1 II. Pelo preço, no que diz respeito aos aspectos físicos, ele ameaça entrar no território da piada. Há apenas plástico, e de aparência extremamente simples. Nada da robustez aparente do Audio-Technica M50 e muito menos o visual descolado do Skullcandy Aviator.
O HD 25 é assustadoramente básico, e à primeira vista parece um fone mal feito. As peças de plástico não são nada bem acabadas, com pontas afiadas e defeitos de acabamento, além de apresentarem bastante flexão, as espumas do headband são coladas porcamente e o cabo tem um formato estranho, e fica com uma curiosa folga logo acima dos cups.
Mas, com o tempo, tudo fica claro: esse fone foi feito para durar para sempre em ambientes muito pouco favoráveis. As peças de plástico são flexíveis porque vão aguentar uma pessoa sentada em cima delas sem problema, e o plástico não tem uma boa aparência porque não vai arranhar nunca. E, se arranhar, você não vai se importar. O cabo tem uma folga porque, assim, não será tensionado. O conector é imenso porque suporta qualquer coisa que você venha a fazer com ele. Basicamente, quebrar o HD 25 vai precisar de bastante esforço.
E essa robustez não vem em detrimento de conforto. Para mim, esse fone é muito confortável. O headband que se divide em dois é um pequeno toque que faz toda a diferença, e praticamente retira qualquer pressão em cima da cabeça. Quanto à pressão lateral, também não tenho do que reclamar. Há pressão suficiente para trazer um isolamento muito acima da média, mas não o bastante para causar qualquer desconforto.
Em termos de acessórios, não temos muita coisa: uma pequena bolsa de tecido para transporte, um adaptador P2-P10 rosqueável e dois pares de earpads, um de courino e outro de veludo. Sonicamente, prefiro este último. Doma um pouco os agudos e traz melhor presença nos graves. É com ele que essa avaliação será conduzida.
O SOM
É quando coloco o HD 25 na cabeça que abro um grande sorriso. Acho realmente engraçado que um fone com essa aparência toque tão bem.
A sonoridade é energética e divertida, porém surpreendentemente correta. Em termos de equilíbrio tonal, não há qualquer defeito evidente. Os graves são um pouco acima do que considero neutro, mas isso é desejável num fone portátil.
E esse incremento não é feito de qualquer maneira. Ele me traz excelente impacto e autoridade, apesar de ser centrado nos médio-graves. Por isso, apesar de os graves serem bem definidos, não há um nível impressionante de transparência nessa região. Assim como no Westone UM3X, parece haver uma leve nuvem acima das regiões mais baixas dos médios, mas aqui essa característica é muito mais sutil e não promove o grande sangramento e obscurescimento dessa região que ouvi no monitor.
Apesar disso, acho que o desempenho do HD 25 nessa região é excelente, principalmente em ambientes barulhentos. Há um nível respeitável de textura, e apesar de ele não me mostrar a melhor definição das baixas frequências que já ouvi, está muito à frente do Beyerdynamic DT1350 que já pude testar. Algo que me marcou negativamente com esse fone foi sua incapacidade de mostrar com clareza o bumbo na Ljudet Innan do Storm Corrosion. Com o Sennheiser, ele é perfeitamente audível e distinguível do restante da música. O resultado são graves com bastante força e impacto, o suficientes para torná-lo um fone bem divertido, até mesmo em ambientes barulhentos.
Na região média é que o HD 25 realmente encanta. Não é que ela seja particularmente neutra, mas é bastante natural e coerente e proporciona um resultado encantadoramente vivo. Gosto muito da forma como esse supra-aural me apresenta vozes e, principalmente guitarras. Elas têm força, soam físicas. Não é que os médios sejam para a frente como nos Grados, mas ao mesmo tempo há uma certa frontalidade nessa região que me impressiona bastante. O resultado com rock ou qualquer gênero que se beneficie de uma apresentação mais vigorosa se dá muito bem com esse Sennheiser.
Algo bem surpreendente, inclusive, é o quanto os médios me soam transparentes. Logicamente, não estamos falando de uma transparência do nível de um HD800 ou de um in-ear customizado, mas é algo que me impressiona num fone nessa faixa de preço. A capacidade de detalhamento me parece estar acima da média, o que é impressionante visto que se trata de um transdutor consideravelmente antigo – e essa é uma área onde houve bastante progresso. Ele não vai ganhar, porém, prêmios por sua resolução.
No entanto, as coisas começam a complicar um pouco quando entramos nas necessidades mais audiófilas: o HD 25, como é de se esperar, não é capaz de projetar uma imagem particularmente competente. Sua apresentação me soa compacta, e apesar de haver mais precisão no posicionamento dos instrumentos do que em muitos intra-auriculares universais, ele ainda não chega perto de circunaurais. Não é muito diferente da maioria dos supra-aurais que já ouvi, mas é uma característica que deve ser apontada. Não há muito do que chamamos de palco sonoro.
Apesar disso, penso que é um preço a se pagar pela apresentação deliciosamente energética e vigorosa do HD 25. Mais desenvoltura em termos espaciais costuma implicar numa apresentação mais relaxada e aberta, o que costuma acontecer em oposição a essa personalidade mais divertida desse fone.
Nos agudos, não tenho reclamações. Há ótima presença, o que confere boa claridade ao HD 25 – mas ela está no ponto para que a energia e a claridade não se transformem em estridência. Surpreendentemente, visto que se trata de um fone relativamente barato, também não tenho qualquer crítica com relação ao timbre. Me parece que os fones mais antigos da Sennheiser (como o HD600, que ainda é uma de minhas referências nesse quesito) são particularmente competentes nesse aspecto. Gosto muito da forma como o HD 25 renderiza pratos de bateria. A extensão talvez não seja a maior que já vi, mas é perfeitamente aceitável e tem seu papel na criação dessa bela capacidade timbrística desse fone nessa região.
CONCLUSÕES
Em meu post Impressões de uma Viagem – Parte II, após testar diversos portáteis, acabei achando que não acharia um portátil que fosse versátil o suficiente para me impressionar na rua e me fazer querer ouví-lo também em casa junto aos meus full-sizes mais pretensiosos. Foi o Sennheiser HD 25-1 II que mudou isso. Peguei-o numa troca, com a intenção de vendê-lo imediatamente, mas isso não aconteceu.
Gosto muito de sua personalidade assumidamente divertida e energética, mas acho surpreendente como isso não faz com que ele seja pouco natural. De alguma forma, sua apresentação é muito coerente e correta, apesar de ele constantemente colocar um sorriso no meu rosto tamanha a diversão que ele proporciona, principalmente com rock e música eletrônica. Gêneros mais modernos me soam espetaculares com esse Sennheiser, seja dentro ou fora de casa.
O que mais gosto, porém, é como a parte sonora está aliada a seu estilo totalmente “no-fucks-given”. Boto ele na cabeça e fico feliz – quase dou uma risada quando vejo o quanto esse fone horroroso – sei que isso é subjetivo, mas achar alguém que o considere bonito deve ser difícil – e exageradamente simples é bom. É como se ele tivesse senso de humor.
Não dá pena de jogá-lo de qualquer jeito na mochila. Ele não vai quebrar ou arranhar. Para um fone portátil, acho que essa filosofia é bem mais interessante do que a de um fone mais estiloso, que no final das contas faria com que eu tivesse uma experiência menos conveniente – afinal, me preocuparia em guardá-lo carinhosamente.
Com o HD 25, simplesmente não me preocupo. É uma belíssima e encantadora qualidade de som, com um ótimo isolamento, por um preço relativamente baixo, num fone confortável, no qual você poderá sempre confiar sem ter muito com o que se preocupar. Ele não vai quebrar nunca e, mesmo que isso aconteça, praticamente todas as peças são compráveis e substituíveis pelo próprio usuário.
Não me surpreende que ele seja tão popular. O HD 25-1 II chegou aqui sem me trazer grandes expectativas, se pôs ao lado de um Grado HP1000, de um Sennheiser HD800, de um Audio-Technica W3000ANV, de um HiFiMAN HE500 e de um JH Audio Roxanne, e ficou. Acho difícil fazer um elogio maior que esse.
Sennheiser HD 25-1 II – R$920,00 (US$199,95)
- Driver dinâmico único
- Impedância (1kHz): 70 ohms
- Sensibilidade (1kHz): 120 dB/1mW
- Resposta de Frequências: 16Hz – 22kHz
Equipamentos Associados:
Portáteis: iPod Classic
Mesa: iMac, B.M.C. PureDAC, Abrahamsen V6.0, HeadAmp GS-X
Onde Encontrar