Shure SE535 vs. Sony EX1000 vs. Westone UM3X

Já que as últimas três avaliações foram de produtos fora do alcance da maioria das pessoas, vou variar um pouco e fazer uma avaliação mais pé-no-chão. E já que é para variar, vou fazer o que não faço há um bom tempo: um comparativo. Antes de tudo, preciso agradecer ao meu amigo Filipe Nogueira pelo empréstimo do Shure e do Westone!

 

INTRODUÇÃO

SE535, UM3X e EX1000

Hoje em dia admito que perdi o interesse por IEMs. Além de eles perderem para full-sizes em basicamente todos os aspectos, na minha experiência, in-ears universais sempre têm falhas, e nenhum faz tudo do jeito certo. Quem resolve isso é o JH13Pro, que, na minha opinião, consegue aliar o melhor de todos os IEMs que já ouvi e se livrar do pior. Para mim, ele praticamente não tem falhas. Inclusive, apesar de ele não se encontrar formalmente no comparativo, vou acabar fazendo diversas referências a ele justamente porque ele é meu in-ear de referência.

Isso não significa que eu não tenha curiosidade de ouvir outros in-ears. No momento, estou com dois visitantes, um Westone UM3X, por muito tempo considerado o melhor universal disponível, e o Shure SE535, revisão do antiquíssimo SE530 – antes E500 –, um dos primeiros in-ears universais do mercado. Essa comparação vai ser bem interessante, porque por muito tempo tive um SE530 e tinha muita curiosidade de ouvir o Westone, que foi lançado pouco tempo depois de eu comprar o Shure e portanto foi causa de grandes dúvidas quanto ao investimento que tinha feito.

Para deixar as coisas mais interessantes ainda, tenho aqui um Sony EX1000, que sempre me despertou muita curiosidade – além de eu gostar da Sony, sem muita razão, é um dos poucos IEMs topo de linha dinâmicos. Bom, vamos ao que interessa.

 

ASPECTOS FÍSICOS

O SE535 mantém o bom padrão de construção da Shure: corpo em plástico, cabo robusto e bem construído (agora removível) e a gama tradicional de acessórios. O fit é bom, mas nunca me dei bem com as ponteiras

UM3X

inclusas. Todas, incluindo as Olives, fazem pressão considerável nos meus ouvidos, e isso me incomoda bastante. As Comply resolvem esse problema.

Duas boas diferenças em relação ao SE530: primeiro, agora existem duas opções de cores – transparente e dourado –, e o cabo agora não é mais um curtíssimo com uma extensão. É inteiriço, o que é ótimo, porque o conector do antigo ficava batendo no peito e gerava uma microfonia bastante desagradável. Uma má notícia é que o pacote do seu antecessor, de alumínio, bem luxuoso, foi trocado por um bem simples de plástico.

O Westone é bem simples, e reflete seu apelo mais profissional – não gasta dinheiro com firulas, é de um plástico bem simples, com (excelentes, diga-se de passagem, leves e resistentes) cabos com os conectores tradicionais de fones custom e pronto. Bem simples mesmo. Mas, claro, vem também com os tradicionais acessórios: case, ponteiras (incluindo Complys) e adaptadores. O fit é muito parecido com o do Shure, ou seja, muito bom.

EX1000 em sua case

O Sony sai bem na frente. É feito de liga de magnésio (e não magnésio como dito anteriormente! O Rodrigo Castro, leitor e químico, apontou o erro. Veja a nota ao final do artigo), tem uma construção extremamente sólida e um arranjo curioso no cabo: os conectores são proprietários, e o formato do fone é muito diferente, então o encaixe não é como nos seus competidores. O isolamento é bem fraco e ele não fica tão seguro quanto os outros. Mas, pra mim, o conforto sai ganhando. O cabo inclusive é de altíssima qualidade, sendo feito com uma borracha bem diferente daquela com a qual estou acostumado, e até o corpo do conector, angulado, é de metal. Um cabo reserva é incluído, assim como uma vasta seleção de ponteiras – normais e outras preenchidas com espuma, o que não faz a menor diferença – e uma case bem extravagante: é feita de couro e a parte onde o fone se encaixa é revestida num tecido aveludado.

Dá para ver que a intenção da Sony não foi fabricar um monitor profissional, mas sim criar um fone para consumidores comuns, mas com todo o luxo e a pompa que um preço desses pressupõe nesse caso. O próprio arranjo da case reflete isso: a marca não quer que você jogue o fone despreocupadamente dentro de uma caixa. Quer que você pegue esse item de luxo e o guarde com cuidado dentro de sua caixa para transporte.

Como não uso o fone profissionalmente, nesse aspecto, o Sony dá de 10 a 0 nos outros.

 

O SOM

SHURE SE535

SE535

O Shure SE530, como dito anteriormente, é o E500 com uma nova nomenclatura. É, portanto, um dos in-ears universais pioneiros no mercado. Gostava muito da sua apresentação, com graves excelentes em presença e impacto e médios relativamente exagerados mas muito doces (ao contrário dos Grados e do AKG K1000). O problema era nos agudos, que para mim eram basicamente inexistentes. Não sei o que o tweeter dedicado andava fazendo… Talvez fosse para permitir volumes elevados no uso em monitoração de palco – sua verdadeira vocação –, mas ainda nesse cenário, a Shure exagerou.

No Head-fi, é dito frequentemente que o problema foi resolvido com o SE535. Quando ouvi… não tive tanta certeza. Devo dizer que não ouço o seu antecessor há mais de um ano, então não sei até onde posso confiar no que me lembro. Ouço agudos no SE535, de qualidade diga-se de passagem, com bom detalhamento e textura, mas ainda assim, eles são consideravelmente recuados, e sua posição no espectro é obscura. Mais do que isso, a extensão definitivamente não é boa, o que é de certa forma irritante. No CD Timbres, da CAVI, o corpo do prato da bateria é renderizado muito bem, mas falta brilho, extensão e definição. Ao contrário do que me lembro sobre o SE530, estou ouvindo os agudos, mas eles ainda não têm a presença e o brilho que julgo ideais. No entanto, num aspecto, a melhora foi muito significativa: o SE530 conseguia a proeza de não ter agudos e sibilar. Não sei como ele conseguia fazer isso, mas em seu sucessor, parece que o problema desapareceu.

O resultado é uma sonoridade gentil aos ouvidos, que permite volumes mais elevados, mas energética, muito adequada para rock e música eletrônica. Gêneros mais “divertidos” se dão muito bem com ele. Mas para jazz, música clássica e gêneros que dependem de desenvoltura nas regiões mais altas… temo que ele possa desapontar. Ele não vai apresentar uma renderização satisfatória dos instrumentos, que soam demasiadamente escuros. Não é um defeito impeditivo (ao contrário de um problema no EX1000, como será visto adiante), mas é um problema que me incomoda.

Os graves mantém as excelentes qualidades descritas no meu comparativo do SE530 com o Sennheiser IE8: em quantidade são fantásticos, a extensão é ótima, o impacto foge à regra dos falantes de armadura balanceada e é ótimo e a textura não é a melhor que já vi, mas ainda assim é bem satisfatória. O roll-off é sutil, mas ainda assim mais acentuado que o do JH13Pro, que apresenta mais sub-graves e menos médio-graves.

SE535

Os médios são os destaques do Shure. Eles constroem o caráter do fone, já que são sem dúvida nenhuma o foco da sua apresentação. São colocados à frente, mas talvez devido à relativa ausência de agudos, eles são doces e delicados, não sendo a última palavra em transparência mas dificultando em muito a fadiga auditiva. O que pode acontecer é, caso o ouvinte queira compensar a relativa falta de agudos aumentando o volume, os médios se tornem o problema e passem a incomodar pelo seu volume relativamente elevado. Com o JH13Pro, por exemplo, isso simplesmente não acontece. Sua renderização do espectro é muito balanceada, então não há o que compensar – ele vai mostrar imensa compostura e equilíbrio em qualquer volume.

Quanto ao palco, o Shure novamente deixa a desejar. Ele é realmente pequeno, apesar de a separação instrumental ser boa. Esse fone não cria um espaço convincente, e simplesmente parece colocar os instrumentos todos bem perto de você. É um intimismo exagerado, claustrofóbico. Os agudos distantes no SE535 de certa forma amenizam isso, porque soam distantes e colocam os pratos da bateria a uma certa distância do resto, mas é algo sutil que não resolve o problema.

WESTONE UM3X

E aí entra em cena o UM3X. Também é um fone voltado para a monitoração, e os dois inclusive têm uma sonoridade geral consideravalmente parecida. O Westone é muito doce, também tem os médios relativamente proeminentes (porém não tanto quanto o Shure), graves corretos e, felizmente, agudos um pouco mais proeminentes.

UM3X

O problema é que não é uma diferença incrível. A extensão é consideravelmente melhor, assim como a presença, mas a sonoridade ainda é escura demais para o meu gosto e os agudos ainda me parecem coadjuvantes. Na minha opinião, passar do Shure para o Westone nesse quesito é um upgrade, pena que relativamente sensível. Vale dizer que os agudos do UM3X também são de qualidade, apresentando um timbre muito correto, se um pouco sem corpo em alguns momentos. Comparado ao JH13Pro, a sensação de escuridão ainda é muito acentuada, mas após passar um tempo com o SE530, o UM3X parece ar fresco.

O problema é que essa sensação de ar fresco não dura muito. Curiosamente, esse fone apresenta o que enxergo como uma nuvem em cima dos primeiros registros dos médios. Não sei por que isso acontece, parece que é algo nos graves ou médio-graves, mas o problema é que a consequência vai pros médios e dá uma estranhíssima sensação de abafamento que não é definida. Os médios são excelentes, não tão doces quanto o do Shure mas com mais transparência – muito bem-vinda  – e um pouquinho mais recuados, mas esse “algodão” em cima deles incomoda bastante. Você sente que nunca está ouvindo algo limpo, tem permanentemente uma coisa em cima da música atrapalhando e causando um pico onde nunca vi antes, é bem estranho. É engraçado que a sensação de arejamento e palco é muito maior no UM3X, que pinta uma imagem muito mais ampla e crível do acontecimento musical, e é de certa forma irritante ver essa sensação ser de certa forma estragada por esse abafamento.

Não acho que seja algo que arruine o fone, porque com o tempo o ouvinte se acostuma, mas para mim, não é tão longe disso. O grande problema é que além desse problema interferir nos médios, ele também se mete nos graves. A extensão para baixo do UM3X não me parece boa, e essa característica é agravada por essa nuvem. Por exemplo, na música She’s a Fast Persuader, do Jamiroquai, é como se a força do bumbo fosse transferida para cima, e o baixo apresenta um corpo excessivo que não deveria estar ali. A voz do Scot Stapp, do Creed, também fica com uma massa nos registros mais baixos que não deveria estar ali. Os sub-graves, em comparação, ficam perdidos e sem muita vontade.

SE535, UM3X e EX1000

SE535, UM3X e EX1000

Esse excesso entre os médio-graves e graves causa essa nebulosidade e alteração nas proporções de algumas coisas, e para mim, o resultado é bizarro. Não é algo dramático, mas nunca ouvi nada assim antes. Não me entendam mal – esse é um excelente fone, e na maioria das situações prefiro ele ao Shure porque é um melhor all-rounder, mas esse defeito realmente incomoda, não por ser dramático, mas porque soa como uma interferência ao que é outrora uma performance extremamente honesta e competente. Sua sonoridade é delicada, extremamente balanceada e autoritária quando necessário. Se não fosse por esse problema, e se ele tivesse um pouco mais de agudos, estaria incrivelmente perto do que considero um fone ideal. Na maior parte dos estilos, consequentemente, fico com o Westone – esse defeito que interfere nos médios não é o suficiente para torná-lo pior que o Shure em jazz e música clássica por exemplo, já que os agudos são de suma importância nesses gêneros. Porém, em rock e música eletrônica, essa anomalia na apresentação de um espectro balanceado faz com que o Shure me pareça uma melhor opção, mas não por uma margem tão grande.

SONY EX1000

EX1000

EX1000

E já que o assunto é performance nos agudos, essa é uma boa hora de introduzir o Sony EX1000. Após um bom tempo alternando entre o Sony e o Shure, o Sony introduz uma boa dose de atividade nessa faixa de frequência. A minha reação a ele, após um tempo com os outros dois, é inteiramente dependente do estilo que começo a ouvir. Se é qualquer coisa que precise de agudos com desenvoltura, a sensação é de puro êxtase. Não sou um treblehead, pelo contrário, me considero particularmente sensível a agudos, e na minha opinião, a quantidade dessa faixa de frequência no EX1000 em estilos como folk e jazz, que se beneficiam de uma apresentação leve e arejada, é muito boa na maioria dos casos.

No entanto, existem muitos momentos em que os agudos dele são excessivamente fortes. Se os outros dois pecam pela falta, esse peca pelo excesso quando não é presenteado com bastante potência. Sou advogado assumido da falta de necessidade de amplificação para IEMs, mas o EX1000 é uma exceção. Sem força, seu som é mais magro do que deveria e os agudos ríspidos e proeminentes. Ir do iPod Classic ao Hifiman HM-801 demonstra bastante isso – a diferença entre os dois players fica mais evidente que no JH13Pro. O Meier Audio Eartube, apesar de ter potência em excesso para a maioria dos IEMs, também provê bons resultados.

Com um bom amplificador e uma boa fonte, e em estilos mais calmos, a dose extra de altas frequências cai imensamente bem. Mas devo dizer que nem tudo são flores, e existe um problema considerável aqui: o timbre dos agudos. Todos os IEMs Sony que já ouvi apresentam uma anomalia entre os médios e os agudos – uma sensação de pressão, provavelmente proveniente de um vale entre essas duas regiões, e isso, além de afetar significativamente o equilíbrio tonal e consequentemente o timbre dos instrumentos, cria uma sonoridade fria e não envolvente. Esse me parece um problema comum em fones dinâmicos, e o EX1000 até certo ponto sofre desse problema. Existe um vale entre 2 e 3 mil Hz, e logo em seguida dois picos, aos 5 e 8,5 mil Hz. Felizmente, ao contrário de todos os outros fones que já ouvi com essa característica, não há interferência nos médios.

EX1000

EX1000

O problema é que o resultado dessa característica é o que interpreto como uma renderização de timbres errática nessa região. Pratos de bateria que atuam nessa região soam errados de certa forma… tive uma banda por muito tempo e sei como é o som de um prato de bateria, e dependendo da gravação, o que o Sony me mostra é bem diferente. Isso não acontece sempre, e depende muito da gravação, mas quando acontece, é consideravelmente estranho. É como se ele literalmente estivesse te mostrando algo da forma errada.

Outro problema que isso acarreta é a impossibilidade de tocar alguns estilos mais pesados. Alguns rocks e metais são insuportáveis, mesmo num player de alto nível como o HM-801. É diferente de fones como o Orpheus por exemplo, que parece apresentar toda a faixa aguda com veemência nesses gêneros – ao invés disso, ele tem um boost só em determinadas regiões, e o resultado não é um excesso de detalhes, é pura frieza e estranhamento.

Felizmente, não é sempre que isso acontece. E, quando esse não é o caso… o Sony EX1000 mostra a que veio. Primeiramente, quando não há muita atividade nesses trechos estranhos dos agudos, sua performance nessa região é excelente. A extensão e o corpo dos agudos são muito bons.

Os médios são puro prazer. Me parecem muito mais neutros que no UM3X e SE535, tendo um lugar mais controlado dentro do espectro. São médios extremamente doces, relativamente quentes e com excelente detalhamento e transparência. São sem a menor sombra de dúvida os melhores médios que já escutei num IEM universal. E, quando os agudos estão comportados, o brilho que eles adicionam à região média é fantástico. Em folk e jazz por exemplo, me parece uma apresentação muito mais correta do que nos outros dois IEMs. Após algum tempo ouvindo o Shure e o Westone, ao colocar o EX1000 tenho a impressão que seus médios são muito recuados, mas uma leve passada pelo JH13Pro e pelo HD800 revelam que ele não está errado.

Coleção de tips do Sony EX1000

O detalhamento é excelente, assim como a transparência – benefícios trazidos em grande parte pelas regiões mais altas mais presentes. A capacidade de revelar texturas nos médios também é fantástica, mas não tanto quanto a capacidade de resolução do EX1000: ela é definitivamente incomum para in-ears universais. Inclusive, a própria natureza de diafragmas dinâmicos costumam levar a uma sonoridade muito linear e com uma progressão ao longo do espectro muito clara, o que me parece andar de mãos dadas com essa ótima capacidade de resolução.

Por falar em habilidades incomuns, a verdadeira carta na manga do Sony, principalmente se comparado à competição, é seu palco sonoro de cair o queixo. Tenho a teoria de que isso se deve em grande parte ao isolamento, que é fraco, e portanto não passa a sensação de que o fone fechou seus ouvidos e criou uma porta para um novo amplo ambiente. Essa é a impressão que o JH13Pro, por exemplo, passa: meus ouvidos são fechados e ele cria um espaço imenso onde a música acontece. O EX1000, ao passo que não faz sons parecerem vir de fora da cabeça, parece simplesmente deixar a música fluir, solta no ar. É um palco sonoro que – heresia – em muitos aspectos me lembra o do Orpheus: é amplo, expansivo, difuso e parece simplesmente existir. Logicamente, no Sennheiser isso é infinitamente mais convincente e os sons não parecem vir do fone, mas ainda assim, por incrível que pareça, o EX1000 é o fone que mais se aproximou do HE90 nesse aspecto. A precisão no posicionamento dos instrumentos não é a melhor do mundo, mas é um preço a se pagar por uma experiência que é, para mim, mais encantadora e envolvente. O Sony tem sem dúvida alguma o melhor palco sonoro que já ouvi num IEM, bem melhor que o do Sennheiser IE8, e é o que mais chega perto de um full-size que já ouvi.

Hifiman HM-801

O JH13Pro é o melhor in-ear que já ouvi, e o que me impressiona é que ele foi capaz de resolver todos os problemas que já ouvi em universais. Se livrou de tudo o que eu ouvia de errado e conseguiu fazer melhor no que eu via de certo. Nenhum intra auricular conseguiu fazer algo melhor que o JH13 na minha opinião. Não vou dizer que o EX1000 conseguiu, mas ele foi o único que fez algo diferente. Algo que o JH13 não faz. Não é algo que eu dê tanto valor, mas não deixa de ser uma habilidade realmente interessante.

Os graves são outro ponto forte do Sony: são o que eu chamaria de redondos. Têm impacto, corpo e presença irrepreensíveis, mas podem não ser a última palavra em textura e detalhamento – é, digamos, uma apresentação mais melódica e romântica. Mas, surpreendentemente, isso não acontece em detrimento de autoridade e veemência quando necessário: ele não desaponta em música eletrônica, e também seria excelente para rock se não fosse pelo problema nos agudos.

 

CONCLUSÕES

Então, qual dos três é melhor?

Gostaria que essa fosse uma pergunta simples. Entre o Shure e o Westone a disputa é difícil, porque eles são parecidos mas cada um apresenta uma falha distinta muito significativa: no SE535 a carência de agudos e no UM3X uma nebulosidade nos médios. Acho que entre os dois ficaria com o Westone, que me parece um melhor all-rounder, e é competente em qualquer estilo musical. O Shure também o é, com exceção da carência de agudos.

Para ouvir gêneros muito diferenciados, os dois são boas opções. São excelentes fones que fazem de tudo um pouco, mas também não são excepcionais em nenhum caso. O Sony EX1000, em compensação tem defeitos muito mais críticos, que o tornam um all-rounder  realmente deficiente. A questão, no entanto, é que nos outros aspectos, ele é muito melhor que os outros dois. Para estilos que não são afetados pelo problema nos agudos, e desde que se tenha um bom sistema por trás, o Sony ganha dos outros de lavada. Sua leveza, arejamento e transparência que não vêm em detrimento de calor, intimidade, melodia, finesse, pura doçura e, curiosamente, autoridade quando ela se faz necessária.

SE535, UM3X e EX1000

No entanto, se você pretende usá-lo num iPod Touch para ouvir metal, faça o favor de passar bem longe: vai ser um dos fones mais decepcionantes que você vai ouvir. Mas se sua intenção, é ouvir Patricia Barber, Diana Krall, Joanna Newsom e Sibelius num HM-801… você acaba de achar o IEM perfeito. Além disso, a experiência de usar o EX1000 é ótima: como eu disse antes, é um fone muito luxuoso, sendo um daqueles poucos equipamentos que despertam no usuário um sentimento incomum mas delicioso: pride of ownership, algo como orgulho de propriedade. Sua aparência incomum, atraente e suntuosa, assim como sua case elaborada proporcionam uma experiência diferente do comum em IEMs. Ele não é feito para profissionais, é feito para pessoas comuns, então os objetivos não são tanto robustez e simplicidade – são elegância e conquista.

Gosto demais do Sony, infinitamente mais do que dos outros dois, mas não é sempre e tenho a consciência de que não conseguiria conviver com ele como meu único fone. Alguns estilos que gosto muito são insuportáveis com ele, mas em compensação, o que ele faz bem, faz realmente bem. O Shure e o Westone são opções mais recomendáveis porque, apesar de não se sobressaírem especialmente em nenhum caso, são fones que fazem qualquer coisa com muita competência, então se não conquistam em situações específicas, também não decepcionam.

Coloquemos dessa forma: se eu tivesse que escolher apenas um para ser meu IEM definitivo, ficaria com o Westone sem nem pensar duas vezes, e ficaria satisfeito ao ouvir qualquer estilo musical. Mas ficaria profundamente triste ao ouvir o Café Blue da Patricia Barber e não ter o EX1000 comigo.

 

NOTA:
Eu havia dito que o corpo do Sony EX1000 é feito de magnésio, mas como apontado por Rodrigo Castro, essa informação não está correta! Aí vai a explicação:

Na descriçao do EX1000 voce diz que o corpo dele é de magnesio. Isso não é bem o certo, ele é feito de uma liga de magnésio (que possui bem pouco do mesmo diga-se de passagem, mas isso não faz diferença). O magnesio é um metal extremamente macio leve e REATIVO! Se fosse ele na sua orelha rapidinho ela estaria queimada, alem de ele ser oxidado e virar pó em algumas semana não sobrando nada dos fones. rs
Ele é usado nessa liga para dar leveza e resistência. É bem legal o resultado dessas ligas metálicas!

 

Ficha Técnica

Shure SE535 – US$ 499,00

  • Três drivers de armadura balanceada (dois woofers e um tweeter) em configuração de crossover de duas vias.
  • Impedância (1kHz): 36 ohms
  • Sensibilidade (1kHz): 119 dB/1mW
  • Resposta de Frequências: 18Hz – 19kHz

Sony EX1000 – US$ 499,99

  • Driver dinâmico único
  • Impedância (1kHz): 32 ohms
  • Sensibilidade (1kHz): 108 dB/1mW
  • Resposta de Frequências: 3Hz – 30kHz

Westone UM3X – US$ 379,99

  • Três drivers de armadura balanceada (dois woofers e um tweeter) em configuração de crossover de três vias
  • Impedância (1kHz): 56 ohms
  • Sensibilidade (1kHz): 124 dB/1mW
  • Resposta de Frequências: 20Hz – 18kHz

 

Equipamentos Associados:

Hifiman HM-801, iPod Classic, Meier Audio Eartube e Cambridge Audio DacMagic.

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