Álbuns de Destaque: Weightless

Álbum: Weightless

Artista: Animals as Leaders

Gênero: Metal

Gravadora: Prosthetic Records

Lançamento: Novembro de 2011

Faixas de destaque: Odessa, Somnarium, New Eden e Weightless

Esse post é sobre um CD que definitivamente foge da “norma audiófila”. Não é nem jazz, nem erudito, nem rock clássico e nem folk. É algo como fusion-metal progressivo. Não possui uma qualidade de gravação excepcional, apesar de ter um valor de produção muito mais alto que seu antecessor. Estou escrevendo isso porque é música da mais alta qualidade.

Hoje em dia, não costumo ouvir mais muita música pesada. Já fui viciado em Dream Theater, mas hoje não consigo escutar gêneros muito frenéticos por muito tempo. Por mais que continue gostando, algumas poucas músicas são o suficientes para me cansar. É difícil apontar a razão, mas certos artistas são praticamente imunes a isso. A banda sobre a qual vou escrever é uma delas: Animals as Leaders.

É um projeto liderado pelo guitarrista virtuoso Tosin Abasi, e acompanhado pelo guitarrista Javier Reyes e pelo baterista Navene Koperweis. Não há contrabaixo, o que para um baixista como eu normalmente seria uma heresia numa banda desse gênero, mas o efeito usado por Abasi para suprir a falta de graves supre sua ausência com maestria – dá aliás um feeling diferente ao som da banda.

O álbum é um grande passo adiante em relação ao anterior, que já era ótimo. É um misto incrível de pura agressividade, técnica e melodia. Apesar do virtuosismo impressionante de Abasi, ele nunca nos deixa esquecer que quem está em primeiro lugar é a música.

Weightless se abre com um tapping já meio assustador em An Infinite Regression, que rapidamente se transforma num belo soco nos ouvidos. As faixas seguintes, Odessa e Somnarium, traduzem bem o que será encontrado no resto do CD e são, inclusive, duas das minhas favoritas. O solo ao final de Odessa é de cair o queixo, assim como o de Somnarium, que aliado a um riff matador em 3:05 é uma das coisas mais agressivas que já ouvi. O que impressiona é a capacidade de Tosin Abasi de não colocar toda essa agressividade atrás da música. Ela nunca é de graça, e não destoa do que parece ser o objetivo do álbum – apenas a Earth Departure começa meio exagerada, mas no final da música o guitarrista se redime. To Lead You To An Overwhelming Question, apesar de num momento levar um ritmo que parece juntar Charles Mingus com Pat Metheny, Metallica e System Of a Down, também não é das minhas favoritas.

Aliás, ao longo do CD, vemos uma adição intrigante de sons eletrônicos às músicas, que contribuem maravilhosamente bem para o som único do grupo. Também é inesperada a incrível capacidade de compor peças muito delicadas e melódicas – vide Espera e David –, mas sempre melancólicas.

No entanto, são as porradas no ouvinte que encantam (masoquismo?). Isolated Incidents começa com um riff fenomenal e vai numa direção mais leve que o normal do grupo. Do Not Go Gently, que não é das minhas favoritas, se salva por um trecho, em 1:15, em que Abasi introduz um staccato que segura a frase introduzida anteriormente. Os dois juntos, compondo um dos tempos mais estranhos que já ouvi numa música até hoje (não sei até agora qual é), criam um trecho jazzístico interessantíssimo.

New Eden é outra peça que apresenta um solo que levou meu queixo até o chão, mas a segunda parte da música é novamente um dos momentos em que o guitarrista se permite arriscar algo mais leve. E Weightless, a faixa título, me deixa preso do início ao fim. Principalmente porque o fim é o melhor. Em 2:25, Tosin Abasi traz uma frase criativa e muito musical, que aliada à bateria quebrada antecipa o verdadeiro evento que é o final: em 3:27, as guitarras em fade-in entram para estourar a caixa de som, o que é curioso porque essa agressividade é surpreendentemente leve nos ouvidos – pelo simples fato de que a melodia prevalece. É nada menos que fenomenal.

Esse álbum é diferente de tudo o que eu já ouvi. Não vai conquistar audiófilos procurando por uma fantástica qualidade de gravação, mas vai conquistar quem gosta do estilo e quer algo refrescantemente diferente. Agressivo ao extremo, mas surpreendentemente musical e com músicas de colocar qualquer fã de músicas pesadas em êxtase.

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